ATA DA OCTOGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 13-10-1999.
Aos treze dias do mês de outubro do ano de mil
novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi efetuada a
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antonio Losada, Cláudio
Sebenelo, Clênia Maranhão, Cyro Martini, Elói Guimarães, Fernando Záchia,
Gilberto Batista, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Isaac Ainhorn, João Bosco
Vaz, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro,
Luiz Braz, Maristela Maffei, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal,
Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sônia Santos e Tereza Franco. Ainda, durante
a Sessão, compareceram os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Eliseu Sabino, Hélio
Corbellini, Lauro Hagemann, Saraí Soares e Giovani Gregol. Constatada a
existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Octogésima
Primeira Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo
Vereador Antonio Hohlfeldt, 03 Pedidos de Providências; pelo Vereador Cláudio
Sebenelo, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Gilberto Batista, 04 Pedido
de Providências; pelo Vereador João Carlos Nedel, 01 Pedido de Providências. Do
EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 583 e 584/99, do Senhor Prefeito Municipal de
Porto Alegre; s/nº, do Sindicato dos Técnicos Industriais - SINTEC/RS. A
seguir, os Vereadores Elói Guimarães e João Carlos Nedel solicitaram a
realização de um minuto de silêncio em razão dos falecimentos do ex-Deputado
Federal Wilson Vargas da Silveira, ocorrido no dia doze de outubro do corrente,
e do Senhor James Bocaccio da Rosa, locutor da Rádio Guaíba, ocorrido hoje,
tendo o Senhor Presidente informado que essa homenagem seria feita
posteriormente. Também, o Vereador José Valdir formulou Requerimento verbal,
solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. Às quatorze
horas e onze minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo
retomados as quatorze horas e doze minutos, constatada a existência de
“quorum”. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA
POPULAR, à Senhora Lúcia Silber, representante da Federação das Associações
Empresariais do Rio Grande do Sul - FEDERASUL, que procedeu à apresentação do
projeto mantido pela Entidade que representa, intitulado "Incubadora
Cultural", destacando os objetivos desse projeto, em especial quanto à
captação de recursos privados para o patrocínio de atividades culturais. Na
ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Cláudio Sebenelo,
Gilberto Batista, João Bosco Vaz, Lauro Hagemann, João Dib, Clênia Maranhão e
Helena Bonumá manifestaram-se a respeito do tema abordado durante a Tribuna
Popular. Às quatorze horas e vinte e nove minutos, os trabalhos foram
regimentalmente suspensos, sendo retomados as quatorze horas e trinta e um
minutos, constatada a existência de “quorum”. Em prosseguimento, face à
solicitação anteriormente formulada pelos Vereadores Elói Guimarães e João
Carlos Nedel, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao
ex-Deputado Federal Wilson Vargas da Silveira e ao Senhor James Bocaccio da
Rosa, locutor da Rádio Guaíba. Após, constatada a existência de “quorum”, foi
aprovado Requerimento do Vereador Carlos Alberto Garcia, solicitando Licença
para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente
declarado empossado na vereança o Suplente João Batista Pirulito, informando
que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes, e foi
aprovado o Requerimento verbal do Vereador José Valdir, anteriormente
apregoado, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. A
seguir, foi iniciado o período do GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a
homenagear o Dia do Professor, nos termos do Requerimento nº 07/99 (Processo nº
219/99), de autoria do Vereador José Valdir. Compuseram a MESA: o Vereador
Nereu D’Ávila, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; a Senhora Líbia
Aquino, Presidenta do Conselho Estadual de Educação; a Senhora Mara Sasso,
representante da Secretaria Estadual de Educação; a Senhora Maria Virgínia Moreira,
representante do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul -
CPERS/Sindicato; o Senhor Marcos Júlio Fuhr, representante do Sindicato dos
Professores do Rio Grande do Sul - SINPRO/RS; o Vereador Adeli Sell, 1º
Secretário da Casa. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador José Valdir prestou sua
homenagem ao Dia do Professor, fazendo uma reflexão acerca das atuais condições
de funcionamento do sistema de ensino público brasileiro e salientando que
dificuldades enfrentadas pelos professores no exercício de suas atividades são
superadas através da dedicação à tarefa de educar. Na oportunidade, o Senhor
Presidente registrou as presenças do Professor Joaquim Terra Pinto, Presidente
da Associação dos Trabalhadores em Educação do Município de Porto Alegre, e da
Professora Beatriz Ribeiro dos Santos, Diretora da Escola Normal Paulo Gama. Em
GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Cláudio Sebenelo parabenizou os professores pelo
transcurso do seu dia, destacando a relevância do trabalho desenvolvido pelos
profissionais do Magistério na formação cultural da sociedade brasileira e
analisando dados relativos à evolução histórica dos conceitos e métodos de
ensino. O Vereador Cyro Martini ressaltou a importância das atividades
realizadas pelos professores para propiciar uma educação de qualidade,
examinando as dificuldades enfrentadas por esses profissionais em função de
condições materiais e salariais que impedem um desempenho adequado de suas
funções. O Vereador Giovani Gregol afirmou a preocupação da Casa com as
questões atinentes à educação pública no Município, historiando sobre a
evolução dos métodos de ensino colocados à disposição do povo brasileiro e
propugnando pela adoção de medidas que garantam melhores condições de trabalho
aos professores. O Vereador Elói Guimarães homenageou os professores pelo
transcurso do seu dia, tecendo considerações sobre as relações existentes entre
o Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul - CPERS/Sindicato e o
Governo Estadual e declarando que a luta pela causa da educação e por melhores
salários deve ser permanente. O Vereador Gilberto Batista, registrando ser
fundamental a figura do professor para a formação cultural e pedagógica da
sociedade moderna, externou sua saudação a todos os profissionais do Magistério
pela passagem do Dia do Professor. Ainda, defendeu uma maior valorização do
trabalho desenvolvido pelos educadores junto à população gaúcha. A seguir, o
Senhor Presidente concedeu a palavra à Senhora Maria Virgínia Moreira, que
agradeceu o registro hoje realizado por este Legislativo, relativamente ao Dia
do Professor. Às quinze horas e trinta e sete minutos, os trabalhos foram
regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e quarenta minutos,
constatada a existência de “quorum”. A seguir, o Senhor Presidente registrou o
comparecimento do Senhor Flávio Ledur, Presidente da Câmara Rio-Grandense do
Livro, convidando Sua Senhoria a integrar a Mesa dos trabalhos. Após, o Senhor
Presidente concedeu a palavra ao Senhor Flávio Ledur, que discorreu sobre a
Sessão Solene destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadã de Porto
Alegre à escritora Lya Luft e do Troféu Destaque Mário Quintana ao médico e
escritor Moacyr Scliar a ser realizada durante a Feira do Livro, tendo os
Vereadores Cláudio Sebenelo, Elói Guimarães, João Dib, Guilherme Barbosa,
Clênia Maranhão e João Batista Pirulito manifestado-se a respeito. Às quinze
horas e cinqüenta e um minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos,
sendo retomados às quinze horas e cinqüenta e cinco minutos, constatada a
existência de “quorum”. Em GRANDE EXPEDIENTE, a Vereadora Clênia Maranhão teceu
considerações acerca de iniciativas públicas existentes no País destinadas à
promoção dos direitos básicos das crianças e dos adolescentes, notadamente no
referente à educação pública, criticando as políticas estabelecidas pelo
Governo Estadual nesse sentido. O Vereador Paulo Brum analisou o Projeto de
Resolução nº 58/99, que estabelece novo prazo para estágio de aprendizes
ligados à Fundação de Atendimento ao Deficiente e ao Superdotado no Rio Grande
do Sul - FADERS, destacando a importância do convênio mantido por este
Legislativo com essa Entidade para a integração profissional de pessoas
portadoras de deficiências. O Vereador Fernando Záchia discorreu sobre
problemas existentes quanto à segurança pública em Porto Alegre, propugnando
pelo aumento no número de policiais no patrulhamento ostensivo na Cidade.
Também, teceu considerações sobre a atuação da Empresa Pública de Transporte e
Circulação - EPTC no controle do trânsito na Capital. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
o Vereador Pedro Américo Leal manifestou-se acerca de estudos realizados pelo
Ministério da Justiça, relativos à viabilidade de implantação de penas
alternativas para delitos penais de menor potencial ofensivo, defendendo a
adoção de medidas mais enérgicas no combate à violência urbana. O Vereador
Cláudio Sebenelo comentou questões relativas ao sistema carcerário brasileiro,
analisando causas de ordem social determinantes para o aumento da violência nas
cidades e salientando a necessidade de que sejam realizadas ações estatais
visando à diminuição da criminalidade. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Giovani
Gregol destacou a importância dos debates realizados neste Legislativo, com
referência aos problemas de segurança pública. Ainda, elogiou projeto
desenvolvido pelo Executivo Municipal, de construção de um anfiteatro às
margens do lago Guaíba, salientando os benefícios que tal iniciativa trará à população
da Cidade. O Vereador João Dib homenageou o ex-Deputado Federal Wilson Vargas
da Silveira, falecido no dia doze de outubro do corrente, ressaltando a
importância de sua atuação política e procedendo à leitura de editorial de
autoria do jornalista Celito de Grandi, publicado na edição de hoje do Jornal
Zero Hora, intitulado "O testemunho da dignidade". O Vereador Elói
Guimarães manifestou-se a respeito das Emendas Constitucionais nºs 19 e 20, que
promovem alterações na estrutura administrativa do Poder Público e no sistema
de previdência social brasileiros. Também, teceu considerações sobre Projeto de
Lei que institui sistema de previdência social em Porto Alegre. O Vereador José
Valdir comentou dados estatísticos atinentes ao volume de delitos praticados
por menores na Região Metropolitana de Porto Alegre, afirmando que a maioria
dos crimes cometidos é de responsabilidade de adultos e defendendo as
disposições penais constantes no Estatuto da Criança e do Adolescente. O
Vereador Gilberto Batista reportou-se à visita realizada por Sua Excelência à
comunidade da Vila Nazaré, informando haver falta de médicos no posto de saúde
que atende à população local e propugnando pelo cumprimento de legislação
editada pela Casa, que criou novos cargos para a Secretaria Municipal da Saúde.
A Vereadora Maristela Maffei analisou texto de autoria do Senhor Cristóvam
Buarque, tecendo críticas à atuação do Senhor Fernando Henrique Cardoso à
frente da Presidência da República e externando sua contrariedade às políticas
de privatizações e à redução dos investimentos públicos nas áreas de atuação
social por parte da União. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol
referiu-se aos falecimentos dos Senhores Alberto Galia, James Bocaccio da Rosa
e João Luiz Ferraz. Também, manifestou-se sobre os índices de criminalidade
verificados em Porto Alegre e discorreu sobre estudo realizado pelo Ministério
da Justiça, que propõe o estabelecimento de penas alternativas para os delitos
penais. Após, o Vereador Paulo Brum formulou Requerimento verbal, adendado pelo
Vereador Cláudio Sebenelo, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da
presente Sessão. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Renato Guimarães teceu
considerações sobre o funcionamento dos postos de saúde existentes em Porto
Alegre, comentando os investimentos realizados pelo Executivo Municipal para a
manutenção desses estabelecimentos. Ainda, criticou as políticas sociais
adotadas pelo Governo Federal. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz
condenou as medidas administrativas praticadas pelo Governo Estadual,
notadamente no que se refere à adoção de políticas de geração de empregos e de
valorização dos profissionais do Magistério. Também, teceu críticas à atuação
do Executivo Municipal na manutenção dos serviços públicos de saúde. Em
COMUNICAÇÕES, a Vereadora Clênia Maranhão ressaltou a importância da atividade
parlamentar na fiscalização dos atos administrativos emanados do Poder
Executivo, afirmando que a Prefeitura de Porto Alegre tem a obrigação de
prestar contas à população da Cidade sobre o trabalho desenvolvido junto à área
da saúde pública. A seguir, foi aprovado o Requerimento verbal de autoria do
Vereador Paulo Brum, anteriormente formulado, solicitando alteração na ordem
dos trabalhos da presente Sessão. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em
1ª Sessão, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo
nº 05/99, o Projeto de Lei do Legislativo nº 162/99, os Projetos de Resolução
nºs 53, 54, 55 e 58/99; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs
160, 166, 167 e 171/99; em 3ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº
169/99, o Projeto de Lei do Executivo nº 29/99; em 4ª Sessão, o Projeto de
Emenda à Lei Orgânica nº 05/99; em 5ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 50/99.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Batista Pirulito, ao comentar a
atuação administrativa do Executivo Municipal, referiu-se aos debates
realizados neste Legislativo, defendendo uma atuação parlamentar que viabilize
a adoção de medidas que promovam o atendimento das reivindicações das
comunidades mais carentes da Cidade. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar,
estiveram: em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Executivo nºs 30/99, discutido
pelos Vereadores João Dib, Maristela Maffei, Renato Guimarães e Guilherme
Barbosa, 31/99, discutido pelos Vereadores Elói Guimarães e João Dib, 32/99,
discutido pelo Vereador João Dib, 33/99, discutido pelo Vereador Cláudio
Sebenelo, e 34/99, discutido pela Vereadora Maristela Maffei. Às dezoito horas
e cinqüenta e um minutos, constatada a inexistência de "quorum", o
Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental.
Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Nereu D'Ávila, Juarez Pinheiro,
Paulo Brum e Adeli Sell e secretariados pelos Vereadores Adeli Sell e Paulo
Brum, este como Secretário "ad hoc". Do que eu, Adeli Sell, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Juarez
Pinheiro): Estão
abertos os trabalhos da presente Sessão.
O SR. ELÓI GUIMARÃES
(Requerimento): Sr. Presidente, faleceu ontem o ex-Deputado Wilson Vargas. Por isso,
requeiro um minuto de silêncio. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Aguardaremos as presenças
de outros Vereadores, pois se trata de um vulto político deste Estado e País,
na luta que fez em defesa do patrimônio público e nacional. Entendemos que a
homenagem deve ser feita com quórum superior.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: No mesmo tempo em que a
Bancada do PPB ratifica o Requerimento, requer a inclusão, nesse minuto de
silêncio, de homenagem póstuma ao locutor da Rádio Guaíba James Boccacio da
Rosa, falecido hoje.
O SR. PRESIDENTE: Hoje, na Tribuna Popular,
receberemos a Federação das Associações Empresariais do Rio Grande do Sul -
FEDERASUL.
O SR. JOSÉ VALDIR
(Requerimento): Requeiro a inversão da ordem dos trabalhos, no sentido de se fazer o
Grande Expediente logo após a vinda do representante da Feira do Livro, Sr.
Flávio Ledur, visto que o Grande Expediente, por Requerimento deste Vereador, é
dedicado a homenagear o Dia do Professor.
O SR. PRESIDENTE: Suspendo os trabalhos por
dois minutos.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h11min.)
O SR. PRESIDENTE (às
14h12min):
Estão reabertos os trabalhos. Houve um problema de atraso do representante da
Entidade motivado pela intempérie. Assim, com a concordância dos Srs.
Vereadores e das Sras. Vereadoras, de forma excepcional, considerando a
importância do termo a ser tratado, passamos à
TRIBUNA
POPULAR
A Sra. Lúcia Silber está com a palavra, como representante da
FEDERASUL.
A SRA. LÚCIA SILBER: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. A FEDERASUL lançou no dia 29 de junho deste ano o projeto
“Incubadora Cultural”.
O Projeto é inédito, pioneiro no Brasil, e objetiva aproximar projetos
culturais e empresas patrocinadoras. Como se faz isso? A idéia é que, pela
primeira vez, uma entidade de classe empresarial despertou para a real
necessidade de que as empresas invistam socialmente. Dentro de todas essas
áreas a cultura foi destacada, muito especialmente pela visão do nosso
Presidente, Dr. Mauro Knijnik. O projeto “Incubadora
Cultural” foi aprovado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio Grande
do Sul e captou recursos para funcionar, durante o primeiro ano, através das
Empresas de Petróleo Ipiranga, empresas patrocinadoras do Projeto.
Montamos um banco de dados, onde cadastramos projetos culturais,
cadastramos produtores culturais, que têm que apresentar um mínimo de
idoneidade, como por exemplo certidões negativas, currículo, cartas de
recomendação, e esses produtores podem cadastrar os seus projetos. Na outra
ponta do processo, estamos cadastrando empresas. Cruzamos os dados das empresas
e os projetos se aproximam, por similaridade, com as empresas. Sabemos que somente
essa informação não é suficiente, então estamos desenvolvendo um trabalho em
todo o interior do Estado, buscando informações sobre infra-estrutura cultural
do Rio Grande do Sul, e desenvolvemos um projeto chamado Pesquisa Sobre
Economia da Cultura. Foram selecionados, em 1999, cinco eventos culturais,
entre eles o Porto Alegre Em Cena, no interior e na capital; mapeamos o
faturamento no comércio das cidades-sedes desses eventos, antes e durante o
evento, se existe uma alteração no faturamento dos serviços e comércio dessas
cidades.
O Projeto piloto, feito em Montenegro, tive a oportunidade de mostrá-lo
na Comissão de Orçamento e Finanças da Câmara, através de um convite que
recebemos do Ver. Adeli Sell, realmente comprovou que os municípios se
beneficiam muito com os eventos culturais. Montenegro, por exemplo, faz há doze
anos o Seminário de Música de Montenegro. Esse Seminário trouxe uma alteração
percentual de 4% no comércio e serviços da cidade.
Mapeamos lojas, postos de gasolina, hotéis, restaurantes. Há três
semanas tive a oportunidade de apresentar esses resultados na Associação
Comercial de Montenegro e, literalmente, pegou fogo a discussão, porque os
comerciantes da Cidade não tinham-se dado conta de que realmente eles têm muito
a ganhar com a cultura, num processo chamado turismo cultural.
O que acontece em Porto Alegre? No “Porto Alegre em Cena”, os
resultados estão sendo processados agora e são ainda idéias novas que estão
sendo desenvolvidas.
Estamos tentando, na medida do possível, alertar as empresas, alertar o
Poder Público, de que só através de uma união de forças de todos esses setores
que, realmente, vamos poder contribuir para que a cultura possa tomar um
caráter profissional e começar a ser encarada como geradora de renda e emprego
para o País. Além disso, pela história do Rio Grande do Sul, sabemos que, em
termos de Turismo natural, não temos condições de competir com as belezas da
Bahia, do Rio de Janeiro, mas, em compensação, temos uma história riquíssima no
Estado, temos uma beleza natural um pouco mais sutil.
O processo da pesquisa da economia da cultura está sendo desenvolvido
em outras Cidades. Estamos levando para Uruguaiana; amanhã estou indo para lá,
onde vamos fazer a pesquisa durante a “Califórnia da Canção”. Vamos fazer esta
pesquisa, também, em resposta a Alegrete, durante “Dança Alegre, Alegrete”; no
ano que vem, deve continuar em Porto Alegre, com a Feira do Livro; no Festival
de Cinema, em Gramado, enfim várias etapas vão ser cumpridas.
No final, gostaríamos de mostrar cientificamente, tecnicamente que,
dando as mãos, Poder Público, empresas e os produtores culturais, que vamos ter
condições de realmente alavancar alguns elementos econômicos que ainda não
estão bem claros, ou não são enxergados como tais.
A FEDERASUL, através da “Incubadora Cultural”, além dessa pesquisa que
acabo de relatar para vocês, está fazendo um trabalho de consultorias para
projetos culturais. Muitas vezes temos pessoas com excelentes idéias, mas não
sabem como formatar projetos, não sabem como encaminhar esses projetos, não
conhecem as leis de incentivos, só ouviram falar sobre isso. Então, damos essa
consultoria também. Além disso, existe uma “Agenda Cultural do Estado”, que
está disponível no site da FEDERASUL,
na Internet, onde todos os eventos culturais que são informados pela Secretaria
de Cultura, ou pelos produtores independentes, estão disponibilizados.
Estou à disposição, se os Senhores e Senhoras tiverem alguma pergunta.
Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Convidamos a oradora para
fazer parte da Mesa. O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra pela Bancada do
PSDB, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Raramente, Lúcia, temos a
presença de pessoas, aqui, na Tribuna Popular, que vêm trazer notícias tão
alvissareiras e de integração entre o Poder Público e a iniciativa privada, no
sentido de emergir, desse sono letárgico, a nossa cultura. Essa cultura que
traz intercâmbio, que traz conhecimento, que traz empregos, que traz,
principalmente, confraternização que é um brado antiguerra, é um brado de paz
e, principalmente, é um lenitivo nesse tipo de sociedade que vivemos. Por isso,
a FEDERASUL está de parabéns.
Lúcia, nós, Vereadores, nesta Casa, aqui, na verdade estamos
acostumados a ver um “muro de lamentações”, mas, uma notícia dessas, hoje,
mesmo com chuva, com o jogo do Inter à noite, certamente a minha quarta-feira
será muito mais bonita. Muito obrigado pela tua presença.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gilberto Batista está
com a palavra em nome da Bancada do PTB, para falar sobre o assunto abordado em
Tribuna Popular.
O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente, inicialmente
parabenizo a FEDERASUL, através da Sra. Lúcia Silber, por esse brilhante,
inovador e esperançoso Projeto, nessa área cultural.
O Projeto que a FEDERASUL traz aqui hoje, nesta Casa, na Casa do Povo,
serve de iniciativa para que o Poder Público, tanto Municipal, como Estadual e
Federal, possa-se dar conta da importância da área cultural na geração de
empregos, novos empregos, e numa abrangência maior das cidades do interior do
nosso Rio Grande do Sul com a cultura, que acredito que estamos precisando.
Então, registro, em nome da Bancada do PTB, que é um Projeto muito
inovador, parabenizando a FEDERASUL por esse trabalho árduo, mas é dignificante
para resgatar a Cultura e, com isso, gerar vários empregos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Bosco Vaz está
com a palavra pela Bancada do PDT, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, a FEDERASUL vem dar credibilidade a esse processo. Cadastrei-me
como agente cultural e apresentei, no governo passado, um grande projeto
cultural, que era comemorar os cem anos do futebol no Brasil, através de
exposição de discos, fotografias, vídeos e livros.
Para a minha surpresa, dentro da Secretaria de Cultura, esse projeto
não foi aceito. Infelizmente, a pessoa que ajudou a montar o projeto queria me
cobrar 5% do valor que pudesse captar. Eu desisti, não fiz o projeto, acabei
fazendo outro e não me recadastrei mais como agente cultural. Fico satisfeito
em saber que a FEDERASUL vem para dar transparência ao processo, que deve ser
sério, pois tem muita picaretagem captando recursos com pseudoprojetos
culturais. Parabéns à FEDERASUL. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está
com a palavra pela Bancada do PPS, de acordo com o art. 206 do Regimento.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, quero cumprimentar à FEDERASUL por esta iniciativa. Dentre tantas
coisas que a FEDERASUL nos oferece, aparece mais esse projeto de caráter
cultural, o que para nós é altamente significativo e valoriza a história da
cultura rio-grandense. Parabéns. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a
palavra em nome da Bancada do PPB, de acordo com o art. 206 do Regimento.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, em nome da minha Bancada, quero cumprimentar à FEDERASUL pela sua
iniciativa da Incubadora Cultural. Isso demonstra que a iniciativa privada,
somada ao Poder Público, pode fazer com que a cultura se expanda, se promova o
turismo e, conseqüentemente, se criem mais oportunidades de trabalho, que é uma
das coisas que mais precisamos neste Estado e neste País. Desejamos todo o
sucesso ao “Incubadora Cultural”. Saúde e paz.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão
está com a palavra em nome da Bancada do PMDB, para falar sobre o assunto
abordado em Tribuna Popular.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, eu queria saudar a presença da Sra. Lúcia Silber conosco nesta
tarde, bem como essa iniciativa que a FEDERASUL toma, que engrandece Porto
Alegre. É muito bom começar a tarde, aqui, na Câmara, sabendo que a Tribuna
Popular, desta vez, não trouxe um problema para nós, Vereadores, enfrentarmos e
resolvermos, mas uma decisão extremamente importante para a Cidade e uma
conquista, seguramente, para todos os porto-alegrenses.
Hoje, quem acompanha as grandes manifestações culturais, sejam do nosso
Estado sejam do Brasil, sabe da importância, do significado das parcerias entre
os poderes públicos e a iniciativa privada para que essas atividades ocorram.
Nós, porto-alegrenses sabemos disso mais do que ninguém, pelo sucesso que foi a
realização da Bienal do MERCOSUL, por exemplo.
Considero que a iniciativa, como outras iniciativas da FEDERASUL na
área da cultura, traz para nós a segurança do crescimento das manifestações
culturais em Porto Alegre e do crescimento da participação de todos nas
manifestações que, seguramente, acontecerão nesta Cidade.
Parabenizo a FEDERASUL e agradeço sua presença aqui e as notícias
positivas que trouxe para nós nesta tarde. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Helena Bonumá está
com a palavra, de acordo com o art. 206 do Regimento.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Eu quero, em nome da Bancada
do Partido dos Trabalhadores, trazer a nossa saudação à Sra. Lúcia Silber e
quero dizer que esse tema da cultura é extremamente caro, porque a forma como
as sociedades tratam a sua cultura diz muito da forma como se vive, das
prioridades que se tem e do grau de democracia dessa sociedade, do grau de
respeito à pluralidade.
Nós, que somos um País extremamente rico em termos culturais, sabemos
que não é da tradição dos nossos governos a devida valorização do patrimônio
cultural, do patrimônio histórico, dessa riqueza, da diversidade regional que
nós temos e inclusive da produção cultural extremamente rica em diversas áreas
que tem o nosso País, apesar de tudo. Considero extremamente importante essa
iniciativa da FEDERASUL, porque ela vem-se somar, aqui em Porto Alegre, ao
esforço que o Governo Municipal já faz há algum tempo, que nos tem tornado uma
referência em termos de cultura aqui no Sul do Brasil e mesmo no Brasil
inteiro, pelo Porto Alegre em Cena e por outras manifestações.
O que é inédito nessa iniciativa da FEDERASUL, e que me parece soma ao
que já temos aqui no Governo de Porto Alegre, é o fato de saber-se da dimensão
econômica da cultura, das atividades culturais. Pode-se entrelaçar isso e
trazer um proveito muito maior para a sociedade. Nesse sentido, é uma
iniciativa extremamente importante, e parece-me muito madura, inclusive porque
está acontecendo num momento da nossa história, aqui na nossa Cidade e no
Estado do Rio Grande do Sul, em que tem boas possibilidades de se desenvolver.
Penso que esta Casa tem que ser parceira nessa iniciativa. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Em nome da Mesa Diretora
queremos saudar a FEDERASUL por essa proposição, por essa iniciativa que, por
certo, propulsionará muito a atividade cultural em nossa Cidade, em nosso
Estado.
Pedimos que a Sra. Lúcia Silber leve à Direção da FEDERASUL o
reconhecimento da Câmara de Vereadores pela iniciativa.
Suspendemos os trabalhos, por um minuto, para as despedidas dos
convidados.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h29min.)
O SR. PRESIDENTE (às
14h31min): Estão
reabertos os trabalhos. Temos um Requerimento do Ver. Elói Guimarães, também do
Ver. João Carlos Nedel, que requerem um minuto de silêncio pelo passamento de
duas personalidades desta Cidade e deste Estado, do ex-Deputado Wilson Vargas,
cuja trajetória é desnecessário que venhamos a lembrar, tamanha a sua folha de
serviços prestados a esse País; e ao Jornalista James Boccacio da Rosa, que
ainda moço, infelizmente, nos deixou.
Convido todos para, em pé, fazermos um minuto de silêncio em homenagem
a Wilson Vargas e a James Boccacio da Rosa.
(É feito um minuto de silêncio.)
O Ver. Carlos Alberto Garcia solicita licença para participar de uma
reunião do Conselho Federal de Educação Física, na Cidade do Rio de Janeiro, no
dia 13 de outubro.
(Obs.: Foi aprovado o Requerimento de licença do Ver. Carlos Alberto
Garcia e dada posse ao Suplente, conforme consta da Ata.)
Requerimento, de autoria do Ver. José Valdir, solicitando que seja
alterada a ordem dos trabalhos desta Sessão, no sentido de que venhamos a
passar, imediatamente, ao período de Grande Expediente, que hoje é destinado a
homenagear o Dia do Professor. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passamos ao
GRANDE
EXPEDIENTE
Anunciamos a presença da Sra. Líbia Aquino, Presidente do Conselho
Estadual de Educação; da Sra. Mara Sasso, representante da Secretaria Estadual
de Educação; da Sra. Maria Virgínia Moreira, representante do CPERS/Sindicato;
do Sr. Marcos Júlio Fuhr, representante do SINPRO/RS. Estão todos convidados a
fazerem parte da Mesa dos trabalhos.
O Ver. José Valdir está com a palavra, como proponente do Grande
Expediente destinado a homenagear o Dia do Professor.
O SR. JOSÉ VALDIR: Exmo. Sr. Vice-Presidente
da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Juarez Pinheiro; 1º Secretário da
Câmara municipal de Porto Alegre, Ver. Adeli Sell; Profa. Líbia Aquino,
Presidente do Conselho Estadual de Educação; Sra. Mara Sasso, representante da
Secretaria Estadual de Educação; Sra. Maria Virgínia Moreira, representante do
CPERS/Sindicato; Prof. Marcos Júlio Fuhr, representante do SINPRO/RS .
Mais do que homenagear o professor, e penso que o professor não quer
homenagem no sentido tradicional, mas neste dia devemos fazer uma reflexão
profunda sobre a situação do ensino, da educação no País, especialmente, da
escola pública, de fazer uma retrospectiva das nossas lutas. Digo nossas,
porque sou, antes de tudo, um professor.
Nós estamos no umbral do século XXI. Há quase um quarto de século, toda
uma geração de professores, vem lutando em defesa da escola pública. Não é de
se admirar que muitos de nós já estejamos encanecidos nessa luta, alguns
entrando para a terceira idade e muitos dos problemas pelos quais, quando
éramos jovens, iniciamos essa luta, ainda continua sem solução.
Hoje, nós temos uma proposta política, um projeto neoliberal no País
que tem o seu desdobramento na educação. Na educação, esse projeto neoliberal
apresenta-se através da chamada “Mercoescola”; uma visão empresarial,
mercadológica, que tenta sufocar o sonho de uma escola pública, democrática,
transformadora e de qualidade, que tem deturpado, inclusive, algumas bandeiras
e esvaziado conceitos.
Esse projeto da “Mercoescola”, de uma escola que se molda à semelhança
do mercado e se pauta pelo mercado, não tem nada a ver com o acúmulo das lutas
sociais, especialmente, das lutas do Magistério nos últimos tempos. As lutas do
Magistério e as sociais vão numa outra direção, que é a de afirmar um outro
tipo de escola, um outro projeto de escola para nossa sociedade.
Cabe fazer um registro de que essa concepção é a mesma que numa atitude
que eu diria, antipatriótica e totalmente antieducativa do ponto de vista da
cidadania, aceita calada e de forma subserviente o representante do Fundo
Monetário Internacional Lorenzo Peres que, reforçando uma prática pedagógica
completamente ultrapassada, repreendeu o Brasil, como está na Zero Hora de
ontem, por ainda não ter feito “o tema de casa”. É exatamente esse projeto
neoliberal que pretende submeter a escola a essa visão de uma escola voltada ao
mercado. Dignidade ofendida, salários aviltados especialmente no magistério
público estadual, só comparáveis aos salários dos Estados mais pobres do
Nordeste, que vêm favorecendo uma espécie de hibridismo profissional do professor-biscateiro,
do professor-camelô, do professor-mascate. Faculdades e cursos que se dedicam à
formação de professores, em acelerado processo de esvaziamento,
transformando-se no que chamo de “centros para vocações escassas”. Essa é a
realidade de alguns anos de descaso com a escola pública. O nosso ar de cansaço
é indisfarçável, nós, professores, estamos há muito tempo nessa luta, que vem
perdendo o seu vigor nos últimos tempos, especialmente no magistério estadual.
Mesmo assim, o sucatamento do Estado e da escola pública continuaram. Por isso
que calaram-se pessoas como o Mendelsky, como tantos outros que culpavam os
professores pela crise do Estado e, especialmente, da educação na escola
pública.
Os professores não têm conseguido fazer um movimento de grande monta, e
no entanto a escola pública continua o seu processo de sucatamento. Mas pouco
importa se a nossa voz é cansada, se a nossa caminhada é lenta, o importante é
a insistência do andar e a teimosia da voz expressas na luta do CPERS, na luta
do SINPRO, na marcha pela educação, na luta contra o plano nacional de educação
do MEC elaborado nos gabinetes da tecnocracia, com essa indisfarçável visão
empresarial da racionalidade financeira, e não como uma política pública
garantidora de direitos fundamentais. Porque esse é o sentido desse Plano
Nacional do MEC, que está lá no Congresso Nacional. Nós não podemos mais
conviver com medidas paliativas, e até mesmo desrespeitosas como a que anunciou
o Presidente Fernando Henrique, no início do ano letivo, dizendo que os
problemas da qualidade da educação seriam resolvidos através da TV e outras
tecnologias da informação. A pretexto de adotar medidas eficazes e baratas para
suprir a lacuna da formação dos professores, ou até mesmo a inexistência de
professores em determinadas disciplinas, na verdade investe-se em tecnologia,
esquecendo-se os níveis salariais aviltantes e que educar exige interação com a
comunidade. A TV pode dar instruções, na verdade não pode dar educação porque
educação é um processo muito mais complexo, que envolve toda uma interação do
educando e do educador.
O magistério e a sociedade vão continuar lutando, do sul ao norte neste
País, não aceitando migalhas, nem reformas que visem o retrocesso, a cassação
de direitos, e que, na verdade, escondem o seu caráter retrógrado e reacionário
sob o invólucro do novo. Continuaremos olhando firme na direção do novo milênio
em defesa de uma escola radicalmente democrática, uma escola com qualidade
unitária em todos os níveis, seja na escola pública, seja na escola particular,
mas uma escola, antes de tudo, profundamente democrática, uma escola pública em
todos os níveis. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’
Ávila): Desejamos
referenciar e anunciar a presença do Presidente da Associação dos Trabalhadores
em Educação do Município de Porto Alegre, Prof. Joaquim Terra Pinto e da
Diretora da Escola Paulo Gama, Profa. Beatriz Ribeiro dos Santos.
Consideramo-los extensão da Mesa Diretora.
O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, querida Professora, confesso que assisti às suas primeiras aulas
com alguma neutralidade, com pouco entusiasmo, mas também sem desconfianças. A
minha surpresa deu-se no fim, quando tomei conhecimento de que a disciplina
versava sobre a educação. Leve sempre em consideração que sou um produto de uma
sociedade pós-guerra, reacionária e incapaz de desvencilhar-se de suas amarras
feudais, portanto, machista, autoritária, repressiva e discriminadora. Nesse
teatro e com os atores: burguesia, proletariado e Estado condenados a repetir o
mesmo modelo, fui moldado com um tipo de educação de tendência cartesianamente
exata. Tinha de decorar os nomes dos incontáveis afluentes da margem esquerda e
direita do rio Amazonas que, se não era o mais comprido, seria o mais caudaloso
para a satisfação de um certo tipo de nacionalismo. Os algarismos dançavam na
mesmice dos ábacos, os mandamentos eram só dez e sempre começavam por não, e estávamos, permanentemente, obrigados
a recitar os melodramáticos versos de uma mentalidade “Luar do Sertão”, da
pequenez, da miséria dos ranchos à beira da serra a aprisionar as idéias, dando
a tudo apenas essa visão das coisas. A escolha era entre o cinema mazzaropiano e caipira e a nossa versão chapliniana nativa, com que se tentava
fazer rir ou chorar - Oscarito -, a depressiva população brasileira dos anos
seguintes, temente à ditadura civil, que, ainda incerta, voltava-se para o
campo, sua raiz, ou ainda não tão urbana que se constituísse um proletariado
nascente. O samba-canção era a expressão de todas as nossas dores, inclusive as
de cotovelo.
É muito importante esse contraponto entre a educação antiga e as
alternativas postas em leque aberto e amplo, a escolher, de hoje. E o senso
crítico que adquiri ridiculariza a minha foto de aluno do curso primário,
vestido de brim cáqui, talabarte, cinturão, quepe, coturnos, cabelo cadete,
como prenúncio de uma ditadura militar que nosso populismo preparava. O ensino
não poderia ser diferente. Exatidão, certeza, passagem de conhecimento simples
entre o velho e o moço, infelizes, mestres e aprendizes, sem qualquer
questionamento. Era a sociedade que se esquecia de questionar, perdeu suas
dúvidas, negou incertezas, nunca admitiu dubiedades, marchava em vez de
passear, batia continência em vez de cumprimentar e reduzia-se à uniforme
mediocridade de suas roupagens e de seus pensamentos.
É contraste com a educação centrada na vida, pela via do pensamento,
seu exercício cruel, para o fortalecimento de corpos e mentes - para longe o coitadismo nacional -, a proposta do
riso para o saber, capacidade de rir não só para normalizar a pressão arterial
como para usufruir do alegre pensar dos sonhos, do sonho acordado de um
trabalhador-vagabundo, do fazer-lazer, da nômade loucura saudável do pensamento
de Martin Luther King, da discreta desordenança de John Lennon, dos make love, not war hippies, da
minissaia, da pílula anticoncepcional, pois o mundo é aquilo que nós quisermos.
Assim o será se formos educados e aprendermos a não nos omitir.
É esta educação voltada para o destemor, em forma de sucesso e não a
que está por detrás da frustração suicida das insanas aventuras bélicas que
nosso século a findar presenciou. Voltada para o desconhecido, para o rejuvenescimento
dos paradigmas, para as ecologias edênicas, aprenderemos a ser chão e raiz,
caule e frutos, na indizível liberdade do sensual desembaraço de ser,
desavisado, descompromissado com a ordem das leis que empalidecem o universo,
empenhados em falar de amor nos cantos escuros dos céus, nos permitirmos voltar
a ser crianças para, inclusive reeducarmo-nos.
Reeducarmo-nos para uma certa desordem. Como sensação da descoberta,
ora selvagem, ora sutil, da passagem de um racionalismo complexo para algo mais
instintivo, mais político, mais anímico, que respeite e admire nosso mundo
natural. Que refaça a mata Atlântica, que devolva o Guaíba a seus mandis e
lambaris e que me permitam sonhar mais. Com um mais fraterno e abstrato valor,
sem os compromissos formais do consumo, dos impostos, das prestações
intermináveis, de diariamente vestirmos nossas máscaras de manhã cedo e
passarmos o dia a representar, deixando de ser, deixando de viver.
Libertando-nos desse racionalismo, dessa ciência tão verdade que leva à destruição
do nosso verde, da tecnologia que mercuriza
nossos rios, do benzeno de nossas sapatarias, desta sociedade industrial que
traiu seus homens, preferindo robôs, do chumbo tetra-etila que respiramos, essa
educação via pensamento, poderá nos levar a uma outra sociedade até com magias,
com sortilégios, sim, com a volta às bruxas, mas nunca ao inquisitório
alienante, ao torpor que paralisa todos, menos ao rei - e aí fica mais fácil
governar, mandar e oprimir -; que a liberdade deixe de ser uma calça desbotada,
uma motoca de alta octanagem e intensamente genocida.
Querida Professora, obrigado por tudo. Faço parte dessa nova educação,
do livre pensar, voltada para felicidade. Que a vida nos proporcione encontros
iguais a este.
Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Exmo. Sr.
Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Adeli Sell; Sra.
Presidente do Conselho Estadual de Educação, Prof. Líbia Aquino; Sra.
Representante da Secretaria Estadual de Educação, Sra. Mara Sasso; representante
do CPERS/Sindicato, Maria Virgínia Moreira; Sr. Representante do SINPRO do Rio
Grande do Sul, Prof. Marcos Júlio Fuhr. Esta carta eu escrevi para uma querida
professora minha, e é a maior homenagem que eu posso fazer a todos os
professores do Estado do Rio Grande do Sul. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Prosseguiremos nossa
homenagem ao Dia do Professor, no período do Grande Expediente.
O Ver. Cyro Martini está com a palavra.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Falar acerca do
professor, acerca do ensino é uma responsabilidade muito grande, conquanto
sumamente importante. Os professores merecem a homenagem desta Casa, merecem a
homenagem de todos, pois sabemos quão importante é a sua missão, quão
importante é a sua atividade, em qualquer sentido que tomemos, a nossa
sociedade, os nossos interesses. Mas, se de um lado se reconhece o valor e a
importância do trabalho do professor, de outro lado, eles não têm encontrado
guarida nas medidas, nas providências governamentais, nem na própria iniciativa
privada destinada ao setor de ensino, o que é lamentável, porque isto produz
uma profunda injustiça e subtrai do magistério as condições mínimas para realizar
a tarefa consagrada a eles por todos nós.
O primeiro grande adversário do ensino, do seu melhor desempenho - se
assim posso dizer - é o salário do professor. O salário pago pelo Poder Público
para o professor não corresponde àquilo que ele merece, àquilo a que ele faz
jus. O professor, hoje, já não consegue mais ensurdecer-se ou emudecer-se
diante da classificação, da qualificação do magistério como uma missão
sacerdotal. Sem dúvida, é um sacerdócio; é alguma coisa de profundo empenho,
dedicação e amor ao próximo. Mas, ele já não consegue ficar quieto, porque ele
também merece, como todas as atividades e profissões, sejam elas públicas ou
privadas, o reconhecimento e esse reconhecimento não vem assim. O magistério
fica acabrunhado, abatido, porque não vê reconhecido, de modo justo, o seu
empenho, o seu esforço em prol do seu dever.
Equivocam-se os que pensam que por isso ou por causa disso o professor,
o magistério entregaria a sua bandeira, ficaria abatido completamente,
esmorecendo, deixando de lado a sua profissão, o seu labor para, apenas,
lamuriar-se e queixar-se. Não. Aí é que mais nobre fica o professor, mais
excelso fica o magistério, porque, embora vendo o salário no fim do mês não
corresponder minimamente a algo que se pudesse dizer que é justa a remuneração
do magistério, embora isso, ele está lá todos os dias, atendendo ao apelo da
sociedade, da família e do educando, cumprindo o seu papel, cumprindo o seu
dever.
Mais ainda, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, autoridades do
magistério presentes nesta oportunidade, se as condições de retribuição
salarial não condizem, isso ainda fica acrescido por condições materiais
incompatíveis para exercer a sua atividade, com uma exigência de formação
escolar, de um trabalho pedagógico e didático a altura dos fins preconizados
para a educação.
As escolas, em outros tempos, dispunham de condições plenas para as
atividades extraclasse ou curriculares, fora da sala de aula. Hoje, mal
conseguem reunir, e apenas em salas fechadas, os alunos. Isso não condiz com a
formação integral, o atendimento integral que a escola deve dar para o
educando. Educação não é mera instrução; se posso dizer mera instrução, é muito
mais. É outra reclamação que eu penso que os professores têm a fazer: condições
de trabalho. Isso sem falar da violência que se abate, hoje, sobre as escolas.
Meus parabéns aos professores, meus parabéns ao magistério, e contem conosco,
porque esta Câmara - Sr. Presidente, permita que eu diga - estará ao seu lado
nesse empenho, nessa luta. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli
Sell): Estamos
no Período de Grande Expediente e o Ver. Décio Schauren é o próximo inscrito,
mas cede o seu tempo para o Ver. Giovani Gregol que está com a palavra.
O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. (Saúda os integrantes da Mesa e demais presentes.) Esta Casa tem,
entre outras datas, se notabilizado por marcar de alguma forma este dia tão
importante. A Câmara tem-se preocupado, em primeiro lugar, com as questões
ligadas à educação em nosso Município, que é a nossa obrigação em primeiríssimo
lugar, mas também, com a situação em geral, porque não somos uma ilha perdida
no tempo e no espaço, somos uma cidade das mais importantes da América do Sul,
inserida num processo nacional e estadual e que, sabemos todos nós, a educação
é que diz diretamente ao exercício da profissão, à qualidade de vida, à
contribuição como profissional e cidadão, também, do professor, cujo dia, hoje,
queremos marcar, não somente homenageando, mas também falando dos problemas,
como fizeram aqueles que nos antecederam.
Como gosto muito de história, queria fazer um raciocínio aqui, com
vocês, até aproveitando o público que nos assiste pela televisão, sobre a
história do descaso, ou melhor, do pouco caso, do pouco investimento, na
educação em todos níveis. Em nosso País, para ficar, apenas, no Brasil, é
histórico, Ver. José Valdir. Vejam bem, no tempo do Brasil Colônia é sabido que
as nossas elites governantes, que na época eram portuguesas e cuja direção
estava lá, além Atlântico, em Portugal, lá na Capital de Portugal, Lisboa, não
só não investiu na educação no nosso País como reprimiu, inclusive proibindo,
perseguindo a publicação de livros no nosso País, a organização de escolas no
nosso País, a fundação de universidades, de institutos de nível superior, no
que era, à época, o nosso País: o Brasil Colônia. As primeiras tintas e alguma
coisa nesse sentido que apareceu no nosso País, foi quando a Família Real,
comandada por Dom João VI, teve que ser expulsa à força das armas, das
baionetas, pelas tropas de Napoleão e veio fugida aqui para o Brasil; veio
fugida, aliás, ajudada muito pela Inglaterra, pela Marinha, meio que tutelada
pela Marinha Inglesa que se antepunha militarmente à França, na época
revolucionária de Napoleão. Nós podemos, sem dúvida, resumindo, afirmar que as
elites brasileiras, e quando eu digo isso eu não falo só no passado, quero
dizer que as nossas atuais elites governantes, independente de partido, os
partidos que têm governado o nosso País, Ver. Elói Guimarães, têm mantido, em
relação à prioridade máxima da necessidade da educação ao nosso povo, a mesma
postura colonial, a mesma postura de servilismo ao imperialismo, que naquela
época era português, e hoje tem outras bandeiras, outras nacionalidades.
O que eu quero concluir com isto é que este padrão, esta regra que,
infelizmente, predomina na nossa História, há praticamente quinhentos anos, ela
não se dá por acaso, senhores telespectadores, ela não se dá nem por maldade
pessoal de um ou de outro. É claro para nós, que estudamos, que conhecemos a
História, que é uma estratégia arquitetada por essas elites, a mando de poderes
outros que não os interesses nacionais, deliberadamente essa estratégia montada
para que o nosso povo permaneça na ignorância. Quando se tenta mudar isso,
vê-se o que acontece: repressão, perseguição e assim por diante. Eu dou
exemplos na área da História.
Há algumas décadas, estudei no Grupo Escolar Uruguai, um colégio
público, a quem devo muito da minha formação intelectual, que estava ali no
que, hoje, é a Perimetral, o Parque Moinhos de Vento. Na época, apesar da
pobreza do colégio, nós tínhamos um bom nível, junto com alunos de todas as
classes, uma razoável formação que raramente se encontra hoje. No 1º e 2º grau,
nós, alunos, - claro que deve haver exceções, eu conheço poucas -, conhecemos
melhor história da independência dos Estados Unidos, nada contra, do que a
história da independência dos nossos irmãos da Argentina. Nós conhecemos mais
sobre a guerra civil, isso nos foi ministrado e permanece até hoje, sabíamos
muito mais, mesmo que pouco, mas sabíamos relativamente muito mais, nós,
estudantes e nós mesmos, adultos, profissionais de nível superior, conhecemos
mais da guerra civil americana, do General Lee e os Confederados do que quem
foi José Artigas, grande líder libertário, revolucionário, homem que propugnou
pela reforma agrária há quase duzentos anos, liderou o movimento que acabou
redundando na criação da nação Uruguaia, nossa co-irmã. Sabemos pouco da Argentina
de Rivadávia; de Rosas, no México; não sabemos praticamente nada de Hidalgo, de
Guerreiro, grandes pensadores da libertação, de Simon Bolívar, o libertador da
América; San Martin, que pensava, no seu nascedouro, na independência das
Américas, numa América Latina livre e unida. Isso não nos é ensinado,
inclusive, no vestibular, cai muito mais sobre o chamado Primeiro Mundo.
Nós temos que mudar as coisas. Nós, professores, eu me incluo entre
aqueles que praticaram o magistério, ou estão exercendo, ou estão-se preparando
para exercer, temos que lutar por melhores condições salariais, melhores
condições de ensino, de pesquisa em todos os níveis do País, temos que nos
valorizar, valorizando mais a nossa profissão, as coisas da cultura e a
história do nosso País em primeiro lugar e da América Latina. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu
D’Ávila): O
Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: (Saúda os componentes da
Mesa e demais convidados.) Quero, inicialmente, cumprimentar o Ver. José
Valdir, não pelo discurso, mas, sim, pela iniciativa que teve em promover este
encontro para que debatêssemos esta questão importante que é o Dia do
Professor. Ao longo do tempo, nos mais diferentes matizes partidários, vimos
trabalhando estes temas, a educação, a escola, enfim. Eu devo dizer que estou
profundamente preocupado! Extremamente preocupado, não com o comportamento do
Governante de hoje. E o faço de forma fraterna, aqui, esta é uma reunião para um
debate; esta é a provocação do encontro, para um debate franco, leal. Mas não
tenho preocupação com o Governante de hoje, porque pouco modifica com o de
ontem e o de anteontem. Eu estou preocupado, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
é com o nível de pressão do CPERS! O nível, vejam bem, de pressão do CPERS
diminuiu, Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Esse é um dado público, notório,
que temos que colocar neste debate: homenagearmos o professor, a professora,
homenagearmos o Magistério, que é permanente, a escola, o professor é
permanente, os governantes são passageiros, meros passageiros. Diria até que os
partidos são mais passageiros ainda. Temos que ter um compromisso com a
Educação, com o professor, e nos despojarmos, por isso compreendi as
dificuldades do Ver. José Valdir no seu discurso, onde ele trabalha com muita
veemência essa questão, ou trabalhava com muita veemência essa questão.
Então, homenagear-se o Professor, e não bater forte na questão
salarial, a Sessão se transforma numa modorra, a Sessão é uma modorra, perde o
conteúdo que historicamente aprendemos com o CPERS, que é a luta e o sinetaço.
Não se ouve sinetaço, Ver. José Valdir. Temos que retomar o sinetaço sim,
independentemente de quem esteja no poder, porque a causa da educação, a causa do
professor, o salário do Professor, este é permanente, meu caro Professor José
Valdir, e talvez V. Exa., como este Vereador e tantos outros, talvez todos os
Vereadores aqui tiveram as dificuldades que V. Exa. teve. Então, temos que nos
despojar.
V. Exa., Ver. José Valdir, teve dificuldades no seu discurso. V. Exa.
trabalhou o seu discurso não na questão central - e digo isso fraternalmente,
porque tenho admiração por V. Exa. - na luta de V. Exa., nas lutas do CPERS, e
na busca de um salário digno.
Temos que dizer, hoje, no Dia do Professor: o Professor é um
trabalhador de subsalário. E é bom que o façamos com força, porque hoje temos
um pequenino espaço de televisão, para dizer à sociedade que nos assiste e nos
ouve, e quer ver a nossa palavra no Dia do Professor, que o Professor é um
trabalhador de subsalário.
Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não, evidentemente, que se
esgote a questão do Magistério no salário. Nós vivemos dizendo que eles fazem
um verdadeiro sacerdócio, é verdade! Os professores, Ver. Giovani Gregol, e V.
Exa. colocou, em determinadas áreas, por este Rio Grande afora, pagam para
trabalhar, então, quando se homenageia o professor, não é demais falarmos em
sacerdócio. Mas o professor é um ser humano, ele precisa chegar na sala de aula,
ele precisa estar em tranqüilidade consigo para poder transmitir até alegria,
satisfação ao seu aluno. O que me preocupa, e quero trazer, aqui, na presença
do CPERS, é que diminuiu o nível de pressão do CPERS, porque os governantes
passados, e muitos, eram recebidos debaixo da sineta. Muito bem! Recebidos
debaixo da sineta porque pagavam mal os professores e, agora, se continua
pagando mal os professores e onde é que está a sineta? Eu estou reivindicando a
sineta, porque nós precisamos retomar a luta do professor, nós precisamos
retomar a luta do salário. A luta sempre, Ver. Renato Guimarães, permanente,
independentemente do governante, não importa se é do meu Partido ou do Partido
de V. Exa., porque o salário do professor e o professor são permanentes, esses
são definitivos; os governos e os governantes são passageiros, os partidos mais
passageiros ainda.
Hoje é o PT, amanhã é o PTB, é o “P não sei o que” e por aí se vai. E o
professor, esse que constrói a grandeza, esse que plasma o caráter, esse que permanentemente
em aula está ali ensinando, informando, formando, e temos dito que a escola é
uma oficina de pátria, prepara o homem para o amanhã, mas aquela professora e
aquele professor que estão ali na sala de aula, precisam ser tratados com
dignidade e estão esperando essa dignidade. Entra governo, faz-se discurso, vem
discurso, vem governo e passa governo e o magistério continua sofrendo, Ver.
José Valdir. Por isso nós temos que aproveitar esta oportunidade para o brado.
Faço, aqui, o meu Requerimento ao CPERS presente, que retome a luta com
a mesma garra, com o mesmo vigor e com a mesma bravura que o caracterizou ao
longo da história recente.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não se trata em absoluto, de um
discurso para agredir ninguém, nem o meu querido amigo José Valdir, muito menos
o CPERS presente.
Mas nós precisamos chamar a atenção e esta Sessão, este encontro se
presta exatamente para isso, o professor é um subassalariado, é um trabalhador
de subsalário que precisa ser tratado com dignidade, porque ele é extremamente
importante para o desenvolvimento do País e da Nação, para a formação do
quilate, do caráter do nosso País. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra a ilustre
representante do CPERS... Perdão, o Ver. Gilberto Batista é o último Vereador
que está com a palavra.
O SR. GILBERTO BATISTA: (Saúda os componentes da
Mesa e demais presentes.) Inicialmente quero saudar, como dia 15 de outubro é o
Dia do Professor, alguns colegas nossos: Antonio Hohlfeldt, Carlos Alberto
Garcia, José Valdir, Clênia Maranhão, ex-professora da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul; Sônia Santos, professora particular de inglês, Adeli Sell,
Guilherme Barbosa, Giovani Gregol.
Começando minha intervenção, queria registrar que eu já estava inscrito
antecipadamente, Sr. Presidente. Sei que V. Exa. jamais teria a atitude de não
deixar que este Vereador se manifestasse neste momento em que estamos
comemorando, antecipadamente, o Dia do Professor.
Dia 15 de outubro, sexta-feira, comemora-se o Dia do Professor.
Comemorar não é a melhor expressão para designar a realidade da categoria.
Imprescindível na formação da nossa personalidade, a escola, Senhores, é a
nossa segunda casa, os Professores, os nossos segundos pais, aqueles responsáveis
por nossa educação, por nos transmitir o bem maior a qualquer cidadão, o
conhecimento, algo que ninguém pode nos tirar, e que vale mais do que o
dinheiro ou qualquer status social.
É dia, sim, Sr. Presidente, de se comemorar o fato de ainda haver pessoas
que dedicam a sua vida profissional à profissão de professor. Agradecer,
publicamente, a essas pessoas que, apesar de todas as dificuldades - da falta
de valorização e da remuneração vergonhosa muitas vezes -, optaram e optam pela
arte de ensinar.
É dia, Ver. Elói Guimarães, de lamentarmos, profundamente, pela forma
com que os professores são tratados pelo atual Governo do Estado do Rio Grande
do Sul, que prometeu, em sua campanha, melhor remuneração. Estamos, hoje, no
décimo mês de administração e nada, ainda, foi feito pela categoria. É
interesse das classes dominantes, acredito eu, que nossos mestres ganhem mal.
Eles têm dificuldade, Sr. Presidente, de manter suas casas, não conseguem
destinar investimentos ao aprimoramento profissional por falta de dinheiro. Há
interesse, no meu entendimento, de que a população não tenha estudo.
Não quero, aqui, alavancar, como o Ver. Elói Guimarães alavancou; são
todos os governos, não só a Administração Popular, mas, também, do Governo
anterior, do antecessor, de todos os governos.
Dia 15, Ver. Elói Guimarães, é dia de todos nós, que passamos pela
escola, que estamos aqui e que temos filhos que necessitam de professores
dedicados, atentos, levantarmos, em conjunto, a voz para pedirmos por mais
atenção aos nossos mestres, pela valorização desse trabalho do professor, e
cobrarmos, do Governo atual, a atitude de honrar as promessas feitas no
palanque.
É por isto, Senhoras e Senhores, que utilizo este espaço: para
parabenizar todos esses professores e agradecer-lhes pela contribuição
prestada. Eu, como o Ver. Elói Guimarães e todos outros Vereadores, nos
engajamos nessa luta pela justiça a essa categoria.
Reafirmo, aqui, o Requerimento feito pelo Ver. Elói Guimarães chamando
o CPERS que, no meu entendimento, em nove meses, foi a gestão mais complacente
com o Governo do Estado até este momento.
Não vemos mais sinetaços e greves. E em todas as reuniões com o Governo do
Estado, o Governador diz que não há como aumentar os professores, que temos que
construir um diálogo, construir o profissional professor. E isso, Ver. Adeli
Sell, V. Exa., que apoiou a chapa que saiu vitoriosa, tem parte de culpa nesse
processo.
Quero resgatar o CPERS, aquele Sindicato que, há muitos anos, teve a
sua luta justa por ideais do professor. Hoje, nós temos um CPERS voltado ao Sr.
Olívio Dutra, Governador do nosso Estado. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Sra. Maria Virgínia
Moreira, representante do CPERS/Sindicato, está com a palavra.
A SRA. MARIA VIRGÍNIA
MOREIRA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. Em nome dos da Diretoria do CPERS/Sindicato, eu
quero cumprimentar a Presidência desta Casa, e, ao saudar o Vereador Professor
José Valdir, eu quero cumprimentar todos os Vereadores aqui presentes, as
Senhoras e os Senhores.
Nós queremos agradecer por esta homenagem na semana em que estamos
comemorando o Dia do Professor.
Nós estamos voltando de uma grande marcha nacional em defesa e na
promoção da escola pública. Dela, nós participamos com uma delegação de,
aproximadamente, oitocentos trabalhadores em educação aqui do Rio Grande do
Sul. Reuniram-se, em Brasília, mais ou menos vinte e dois mil trabalhadores em
educação de todo este País. Lá, constatamos que as dificuldades que temos aqui,
no Rio Grande do Sul, são as mesmas de todo este País. Nós temos um País
repleto de analfabetos, temos milhares de crianças fora da escola, e também
nós, do Rio Grande do Sul, juntamente com os demais trabalhadores em educação,
sentimos essas dificuldades. A questão salarial é primordial nesta nossa luta,
na luta de todas as entidades, não só das filiadas à CNTE, mas de todos os
trabalhadores da educação pública. Nós vivemos num país que clama por educação,
num país onde a educação não recebe a devida valorização por parte dos
governantes, e a nossa luta em defesa da educação vem de muito tempo.
Não temos grandes motivos para comemorar o Dia do Professor, mas esta
homenagem nos enche de alegria, porque ela reflete o reconhecimento da
importância da educação neste momento. Hoje, aqui, nós estamos recebendo esta
homenagem da sociedade, feita por dignos representantes seus, que são os
Vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Nós queremos dizer que, juntamente com a comunidade escolar, com os
pais, com os alunos, com os funcionários de escolas, estamos lutando, sim,
Vereador. Nós não deixamos a nossa sineta de lado; aliás, hoje, nós temos,
aliada à sineta, a bandeira, a bandeira do CPERS/Sindicato, que tremulou em
Brasília, que tem tremulado aqui nas ruas de Porto Alegre. Neste ano, nós já fizemos
cinco assembléias gerais, e a nossa última assembléia aprovou estado de greve.
Temos uma nova assembléia no dia 19 de novembro e estamos na luta. A nossa
pauta de reivindicações, aliás, é a mesma que nós entregamos para o Governo
anterior, no ano passado, e não fomos atendidos. Fizemos uma correção nos
valores e estamos reivindicando ao atual Governo do Estado.
Queremos dizer que, juntamente com toda a comunidade escolar, com os
pais, alunos, professores, diretores e especialistas estamos lutando, sim, por
uma escola pública de qualidade, democrática e para todos. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos dizer que este
Grande Expediente, destinado a homenagear o Dia do Professor, foi uma
proposição do Ver. José Valdir, aprovada pela unanimidade da Casa.
Agradecemos pela presença da Presidenta do Conselho Estadual de
Educação, Profa. Líbia Aquino; da representante da Secretaria Estadual da
Educação, Sra. Mara Sasso; do representante do SINPRO-RS, Prof. Marcos Júlio
Fuhr; do Presidente da Associação dos Trabalhadores em Educação, Prof. Joaquim
Terra Pinto; da Diretora da Escola Paulo Gama, Prof. Beatriz Ribeiro dos
Santos.
Queremos dizer que a Câmara Municipal, através da Mesa Diretora,
associa-se a esta homenagem que acaba de ser prestada por todas as Bancadas da
Casa.
Suspendemos a Sessão para as despedidas dos nossos convidados.
Estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h37min.)
O SR. PRESIDENTE (às
15h40min):
Estão reabertos os trabalhos.
Está presente o Sr. Paulo Flávio Ledur, Presidente da Câmara
Rio-Grandense do Livro. A Câmara Municipal de Porto Alegre já aprovou em
Plenário, por unanimidade, a realização de uma Sessão na Praça da Alfândega,
durante a 45ª Feira do Livro, que será realizada no dia 11 de novembro, às 17
horas, cujo material está sendo distribuído aos Srs. Vereadores.
Saudamos a presença do ilustre Presidente da Câmara Rio-Grandense do
Livro e lhe concedemos a palavra, pois deseja fazer algumas sugestões para nós,
Vereadores, o que muito nos honra.
Está com a palavra, o Sr. Paulo Flávio Ledur, Presidente da Câmara
Rio-Grandense do Livro.
O SR. PAULO FLÁVIO LEDUR: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, não precisaria dizer que é motivo de satisfação estar aqui, nesta
Casa, no Legislativo Municipal e que eu, pessoalmente, sinto-me muito orgulhoso
pela representação que a sociedade porto-alegrense tem nesta Casa. Estamos
muito bem representados.
De outra parte, em nome do segmento do Livro no Rio Grande do Sul,
ficamos muito envaidecidos com a proposta de realização de uma Sessão da Câmara
durante a Feira do Livro, na Praça da Alfândega, no ambiente da Feira do Livro.
Sem dúvida, isso prova, mais uma vez, que a Feira do Livro não é mais um evento
que pertença a alguém; a Feira do Livro pertence à Cidade, ao Estado, e por que
não dizer, ao nosso País.
Então, a presença da Câmara de Vereadores entre nós, no meio do público
freqüentador da Feira, vai ser, sem dúvida, mais um aspecto enriquecedor desse
já grande evento que é a Feira do Livro. Portanto, preciso agradecer ao autor
do Projeto Ver. Juarez Pinheiro.
Já sei, também, que o Ver. João Dib requereu, e teve o seu Requerimento
aprovado, para que seja entregue o já tradicional Prêmio Mário Quintana na
mesma ocasião.
Eu gostaria, se me permite o Presidente, de avançar nesse Projeto, e
sugerir que, se fosse legalmente possível, a Câmara decidisse que, a partir
desta Feira, todas as próximas Feiras terão uma Sessão oficial da Câmara de
Vereadores, dentro do ambiente da Feira do Livro de Porto Alegre. É uma
proposição que me atrevo a deixar aos Senhores. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: V. Sa. já viu que foi
aprovado por palmas. Então, já está aprovada a proposta.
O SR. PAULO FLÁVIO LEDUR: Mais um motivo de satisfação
e a convicção de que a Feira do Livro só tem um sentido: a ascensão.
A Feira do Livro se orgulha muito dos Senhores por essa decisão e
estamos à inteira disposição desta Casa para auxiliá-la em tudo o que for
possível. Gostaria de externar, mais uma vez, o meu agradecimento pessoal, e,
principalmente do segmento do livro, do setor livreiro de Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Sr. Paulo Ledur,
Presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, trouxe-nos uma sugestão, aprovada
por aclamação pelo Plenário, o que traduz esse intercâmbio que será feito a
partir deste ano, homenageando duas grandes personalidades da nossa literatura,
da nossa intelectualidade, que são a escritora Lya Luft e o escritor Moacyr
Scliar, numa Sessão Solene. E, agora, com a proposta do Sr. Ledur, será
anualmente incorporada à Feira do Livro como uma oportunidade de os Vereadores
participarem desse evento que já está na sua 45ª edição, com sucesso
reconhecido, para dizer o mínimo, no MERCOSUL. Inclusive, sabe-se que a lista para
lançamento de livros durante a Feira já está esgotada, porque há muitos
escritores que querem lançar seus livros durante a Feira.
A Feira do Livro é um patrimônio cultural da Cidade de Porto Alegre, e
a Câmara não pode deixar de estar presente, e a partir deste ano estará
presente através de uma Sessão Solene.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, tenho nos
meus ouvidos, agora, a música da trilha sonora da Descoberta do Paraíso, e
quero parabenizar o Sr. Flávio Ledur por esse trabalho magnífico e por essa
frase descomunal: “Ler é descobrir”. Um grande abraço.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Professor Ledur: “Livros,
livros a mão-cheia e manda o povo pensar. O livro caindo n’alma é germe que faz
a palma, é chuva que faz o mar”.
O SR. JOÃO DIB: Senhor Presidente, meu caro
Presidente Flávio Ledur, a Feira do Livro é muito importante para nós, vai
fazer com que a Câmara Municipal de Porto Alegre também se aproxime mais do
povo, porque a Feira é uma coisa extraordinária que todos anos ocorre em nossa
Cidade e, como muito bem tem sido colocado, a cada ano ela está melhor. Formulo
votos de que este ano seja assim. Saúde e paz.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Senhor Presidente, Senhores
Vereadores, Prof. Ledur, a Bancada do PT recebe V. Sa. com muita satisfação.
Gostaria de dizer que Feira do Livro é da nossa Cidade, é do nosso Estado, e
penso que, hoje, já alcança porte internacional por tantas personalidades que
têm vindo visitá-la. Portanto, esse processo de integração da Câmara de Porto
Alegre com a sua população, com as manifestações culturais, neste caso através
do livro, é muito importante. Foi uma grande idéia que teve o nosso companheiro
Ver. Juarez Pinheiro no sentido de haver essa Sessão entregando o título a uma
pessoa tão destacada da nossa literatura, Lya Luft, também agora agregado com a
entrega do título a outro destacado escritor, Moacyr Scliar, e, agora, com a
idéia de V. Sa. de que isso permaneça anualmente.
Sempre na Feira haverá uma Sessão Solene, a entrega de um prêmio, ou,
quem sabe, com outro tema, mas que tenha a ver com esse processo de
desenvolvimento cultural da nossa Cidade.
Cumprimento V. Sa. pela sua vinda. A Câmara Municipal de Porto Alegre
está de parabéns por essa integração a mais com o nosso povo. Muito obrigado.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Em nome da Bancada do PMDB
gostaria de saudar o Prof. Flávio Ledur. É um prazer muito grande recebê-lo em
nossa Casa. Gostaria de reafirmar que a nossa Câmara estará mais perto da
Cidade porque estará mais perto da Feira do Livro. A Feira do Livro é uma parte
indissociável da Cidade de Porto Alegre. Muito obrigada.
O SR. JOÃO BATISTA PIRULITO:
Senhor
Presidente, Senhores Vereadores, Prof. Flávio Ledur, o Partido Socialista
Brasileiro congratula-se com V. Sa. Pessoalmente, gostaria de pedir ao Prof.
Ledur que levasse a Feira do Livro às vilas pobres de Porto Alegre, aos bairros
onde muitas pessoas não sabem que existe a Feira do Livro. Peço que levem ao
conhecimento deles. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Pelas manifestações unânimes
das Bancadas, vemos que o intercâmbio das Câmaras - Câmara do Livro e Câmara
Municipal - assegura o sucesso de nossa iniciativa.
Agradecemos a presença do Professor Flávio Ledur, Presidente da Câmara
do Livro. Ele pode dizer ao restante da Diretoria que a Câmara Municipal
prepara-se como co-partícipe do desdobramento e do sucesso que a Feira do Livro
terá, assim como as demais têm tido muito sucesso. Não há como vislumbrar menos
sucesso nesta 45ª edição da nossa tradicional Feira do Livro. Estamos aqui
sempre de portas abertas para qualquer iniciativa dessa natureza. Muito
obrigado.
Estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h51min.)
O SR. PRESIDENTE (às 15h55min): Estão reabertos os trabalhos.
A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra no período de Grande Expediente.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, queria me referir, preliminarmente, às manifestações e às
conquistas que foram comemoradas no Dia da Criança, tendo em vista que não
tivemos oportunidade de falar sobre isso anteriormente. Queria apenas,
rapidamente, reafirmar a necessidade e a importância da continuidade, da
perseverança e da luta de todos os políticos e todos os cidadãos, inicialmente,
para a preservação dos direitos adquiridos e, segundo, para o avanço das lutas
e das conquistas e do aprimoramento das políticas públicas para a garantia da
cidadania básica das crianças, do seu acesso à escola, à saúde, ao lazer, ao
entretenimento, e aos cuidados infantis.
Eu queria, ainda, me referir ao tema de debate neste Grande Expediente
de hoje que, através da homenagem prestada pelo Ver. José Valdir ao Dia do
Professor, levou a muitas reflexões. Talvez pudéssemos dizer apenas que os
professores têm pouco a comemorar em sua data. Porém, é importante que façamos
uma reflexão das dificuldades do mundo do trabalho dos professores e das
dificuldades das políticas de educação hoje implantadas ou as não-implantadas
no nosso País, no nosso Estado e, evidentemente, no nosso Município.
Nós poderíamos simplesmente comemorar alguns avanços que foram
conquistados, como o crescimento das matrículas do ensino médio, o avanço do
processo de municipalização do ensino fundamental. Porém, as conquistas que
foram logradas nessa área de educação, nos últimos anos, apesar de todas as
mobilizações da sociedade, da criação das entidades em defesa da educação, das
categorias profissionais que trabalham, do envolvimento dos pais e dos alunos,
através das suas entidades estudantis, elas não foram suficientes para
contra-arrestar o crescimento das dificuldades que têm acontecido com essa área
em todos os níveis de ensino. Talvez nós pudéssemos enumerar, aqui, algumas das
questões fundamentais para que, ao final do Século XX, não haja nenhuma
explicação para que elas não tenham ocorrido, no momento em que a educação se
constitui, como talvez nunca na história da humanidade se constituiu, como um
instrumento necessário, fundamental, para o desenvolvimento da sociedade e para
que todos possam usufruir esse desenvolvimento. Porém, não tem sido assim,
seguramente, pela pouquíssima prioridade das oportunidades de treinamento, de
atualização dos professores, do pagamento justo e digno dos seus salários.
Talvez nós possamos comemorar diferente esta data, quando não tenhamos que
denunciar a falta de vagas, o altíssimo índice de repetência, a falta de
condições das escolas, os riscos que passam, hoje, as universidades públicas,
os pagamentos absurdamente elevados das escolas e das universidades
particulares, que não têm permitido a continuidade dos seus cursos de tantos e tantos
alunos que são aprovados, ingressam nas universidades, mas não têm condições de
pagar suas mensalidades por uma absoluta inexistência de um instrumento de
controle dos preços e dos reajustes praticados por essas universidades.
Porém, de uma forma muito especial no Rio Grande do sul, os professores
têm poucas coisas a comemorar nesta data, talvez porque estejam vivendo neste
momento o drama da cobrança das contribuições previdenciárias, inclusive dos
professores aposentados. Talvez a leitura da proposta orçamentária do Governo
do Estado para o ano 2000, que nos mostra um decréscimo do que foi destinado
para a área da educação, aquilo que foi proposto como redução na área da
educação ambiental em quase noventa por cento, os cortes da FADERS e das escolas
técnicas, tenham que nos levar a refletir que, neste dia do professor, o
professor gaúcho tem sim que lembrar de sua data, mas que tem,
fundamentalmente, reivindicar os seus direitos e denunciar as promessas
não-cumpridas da Universidade Estadual, das escolas de primeiro e segundo graus
para todos os municípios, da prioridade para as escolas técnicas e dos
reajustes dos professores, que ainda não vieram e que não estão previstos, e
que, portanto, também não virão no próximo ano. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Juarez
Pinheiro):
O Ver. Eliseu Sabino está com a palavra. Cede seu tempo ao Ver. Paulo Brum. O
Ver. Paulo Brum está com a palavra.
O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, na verdade eu estava preparado para me pronunciar no tempo de
Pauta, mas como não consegui minha inscrição, utilizo esse tempo do Ver. Eliseu
Sabino para falar a respeito de um Projeto de Resolução da Mesa Diretora que
hoje tramita em primeira Sessão de discussão preliminar de Pauta.
Na verdade, uma das minhas ações, enquanto Vereador, foi sempre pautar
para a busca da plena integração à sociedade das pessoas portadoras de
deficiência. Eu, por experiência própria, não consigo imaginar integração
social se não tivermos trabalho, emprego para as pessoas portadoras de
deficiência. Quero louvar a Mesa Diretora da nossa Câmara Municipal que, em
1998, firmou um convênio com a FADERS - Fundação de Atendimento ao Deficiente e
ao Superdotado do Rio Grande do Sul - onde foi possível implementar, aqui na
Casa, um estágio para esses aprendizes. Essa proposta da Câmara de Porto Alegre
é inédita no Brasil. A nossa Câmara foi, até agora, a primeira a implantar esse
sistema que possibilitou, na prática, que tenhamos diversos portadores de
deficiência prestando serviços relevantes para nosso Legislativo.
Mas, o que me leva a esse pronunciamento é que no Projeto de Resolução
da nossa Mesa Diretora tem a proposta de alteração da redação do artigo 3º da
Resolução nº 1388, de 21 de setembro de 1998, que possibilita a realização de
estágio a aprendizes de organismos ligados à Fundação de Atendimento ao
Deficiente e ao Superdotado no Rio Grande do Sul portadores de deficiência
mental, física, visual e auditiva. O que pretende a Resolução? A própria
Exposição de Motivos encaminhada à Casa pelo Sr. Presidente é bem clara: “A
alteração aqui proposta objetiva a adequar o período de estágio, da Resolução
nº 1388/98, aos novos prazos estabelecidos na recente Resolução nº 1422, de 30
de agosto de 1999, buscando” - saliento, Srs. Vereadores, que isso é o mais
importante - “a isonomia nas disposições que regem os estagiários nesta Casa
Legislativa.” Com essa Resolução a Mesa Diretora quer, simplesmente, conceder
às pessoas portadoras de deficiência, o mesmo direito que os outros estagiários
têm na nossa Casa Legislativa, ou seja, um estágio pelo período de um ano, e,
se o serviço prestado estiver à altura, a possibilidade de prorrogar esse
estágio por mais um ano. Esse é o fato a que nos reportamos neste momento, Sr.
Presidente, destacando, sempre, a importância que a nossa Casa, a Casa
Legislativa da Capital do Rio Grande do Sul, deu como um exemplo de propostas
práticas, propostas que realmente vêm buscando resgatar o que diz a nossa
Constituição Federal: a busca da plena integração social das pessoas portadoras
de deficiência. Por isso, nós, enquanto participantes deste Poder Legislativo,
queremos deixar a todos a nossa plena satisfação em sabermos que estamos
buscando a melhoria, a plena integração e o resgate da cidadania das pessoas
portadoras de deficiência na nossa Capital.
Fica nosso registro com a certeza de que essa Resolução será aprovada
pela unanimidade dos Srs. Vereadores e poderemos, então, dar essa oportunidade
aos portadores de deficiência que tiveram essa chance de poder aqui participar
conosco, de poder auxiliar a nossa Casa nos andamentos administrativos, para
que tenham a possibilidade de ficar aqui por mais um ano prestando serviços à
nossa Casa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está
com a palavra em Grande Expediente.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, como todo porto-alegrense, nos orgulhamos porque a nossa Cidade é a
capital de melhor qualidade de vida mais ou menos há quarenta anos. O Ver. João
Dib me lembrava que desde a época em que o então Prefeito Leonel Brizola
governava, esta Cidade já era escolhida, nacionalmente, como a capital de
melhor qualidade de vida.
Quem vive nesta Cidade, que tem uma qualidade de vida boa e começa a
constatar pequenos problemas em nosso cotidiano, passa a exercitar o
raciocínio: será que isso é verdadeiro? O que pode demarcar se uma cidade, ou
uma capital tem uma melhor ou pior qualidade de vida? Há coisas, em nosso
dia-a-dia, que são extremamente importantes, são vitais para as nossa vidas. A
segurança, por exemplo, é uma.
Li, nos jornais de ontem, que a loja Mac Donald’s foi assaltada na
madrugada de domingo, ali na Salvador França, na rótula da Carlos Gomes com a
Tarso Dutra, onde sempre tem uma viatura da Brigada Militar estacionada vinte e
quatro horas. Aquela viatura dá segurança, sem dúvida alguma, aos cidadãos de
Porto Alegre, aos passageiros do transporte coletivo que aguardam o seu ônibus,
aos trabalhadores que desenvolvem suas atividades à noite, na madrugada.
O Mac Donald’s é historicamente freqüentado por crianças, por jovens.
Quem procura aquele tipo de serviço, de lanche, de lancheria, de lanchonete são
as crianças, são os nossos filhos. Se ali, Coronel Pedro Américo Leal,
começamos a não ter segurança, se naquele ponto de Porto Alegre, onde sempre
havia a viatura da Brigada Militar, um policiamento, nós vamos ficar esperando
na expectativa de que essas casas tenham, obrigatoriamente, seguranças próprios
para que nós possamos ter segurança, isso me faz pensar que eu tenho que
discutir, que eu tenho que reavaliar como é que se determina a qualidade de
vida de uma cidade.
De uns tempo para cá, constatamos que, em Porto Alegre, não se encontra
mais, não existe mais, o soldado da Brigada, aquele que ficava na esquina, que
ficava caminhando na quadra, e que passava para a população, para as pessoas, a
segurança. Nós começamos a nos sentir protegidos e, conseqüentemente, seguros,
quando começamos a notar e começamos a conviver com a Brigada Militar próxima a
nós. Ora, de uns tempos para cá não se vê mais isso, de uns tempos para cá
parece que a Brigada fugiu das ruas. Antigamente, a Brigada Militar tinha dupla
função, Ver. Adeli Sell, ela dava segurança, ela fazia fiscalização e ela fazia
também a fiscalização do trânsito. Além de dar segurança às pessoas, ela fazia
a fiscalização e a organização do trânsito.
Quando aqui foi criada a EPTC tirou-se da Brigada Militar, de maneira
paulatina, a incumbência de fazer a fiscalização do trânsito. O que eu pensei,
Ver. Giovani Gregol? Mas que bom, vão sobrar mais soldados da Brigada Militar,
vão sobrar mais brigadianos para que eles possam fazer a segurança para as
pessoas. E vamos deixar o trânsito, vamos deixar os automóveis, vamos deixar o
transporte coletivo para esses agentes fiscais, esses vão coordenar o trânsito
de Porto Alegre, esses vão estar preocupados somente com o trânsito de Porto
Alegre, vão sobrar soldados da Brigada para nos dar a segurança. O que se
constata hoje? Primeiro, a ausência da Brigada em Porto Alegre. Começa-se a ver
assaltos em táxis, assaltos em ônibus, assaltos agora em lanchonetes em cadeia
de Mac Donald’s, em todas, assalto em cabeleireiro. Na semana passada, um
instituto de beleza dos melhores de Porto Alegre, colocou três seguranças na
frente, porque já foi assaltado quatro ou cinco vezes, durante o dia, num
sábado. Isto mostra que não existe um referencial, que são os soldados na rua
para dar segurança para as pessoas. Esta política tem que ser revista Coronel
Pedro Américo Leal, e V. Exa que é um
expert no assunto, sabe que esta política de segurança tem que ser revista.
Alguma coisa está errada, porque as pessoas, os cidadãos comuns desta Cidade
estão-se sentindo inseguros.
O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Fernando Záchia, eu o ouço com muita atenção,
esse é um assunto que tenho levantado com certa freqüência, mas quero lembrar
que esse não é um problema porto-alegrense. Esse, infelizmente, é um problema
nacional. Se olharmos as páginas da Folha de São Paulo e o Jornal do Brasil,
vamos ver que a situação nos outros Estados, inclusive, é pior. Isso não nos
exime das nossas responsabilidades, inclusive de buscar aumentar a arrecadação
do Estado e contratar mais efetivos.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Está correto. Agora, veja
bem, Ver. Adeli Sell, comecei a minha manifestação aqui falando em qualidade de
vida e dizia que Porto Alegre há 40 anos já é a Capital de melhor qualidade de
vida. Se São Paulo não é, é certamente porque em São Paulo o problema de
segurança é sério; se o Rio de Janeiro também não é, é porque o problema de
segurança deve ter um peso extremamente forte, intenso, na escolha da
determinação de qual é a capital de melhor qualidade de vida. Aí eu fico
pensando, Porto Alegre é, então a segurança deve ser algo importante na Cidade
de Porto Alegre. Essa coisa de nós transferirmos e compararmos a nossa Cidade
com outras - com todo o respeito -, para mim não interessa. Eu vivo em Porto
Alegre, trabalho em Porto Alegre e quero ver Porto Alegre melhorando nesse
aspecto. E estou vendo um retrocesso, porque já foi melhor nisso. Porto Alegre
já teve mais segurança. Olha, se perdeu o efetivo, se não conseguiu contratar
novos soldados, nós temos que criar alternativas para que a população de Porto
Alegre, Ver. Cláudio Sebenelo, possa se sentir segura. E desta maneira,
certamente não se sente!
O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Fernando Záchia, só para lembrar, o policiamento
que a Brigada fazia no trânsito de Porto Alegre deixou de ser feito, agora, com
a criação da EPTC. Deveria ter aumentado a disponibilidade de pessoas.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Há pouco eu falava sobre
isso, Ver. Cláudio Sebenelo, que era a minha expectativa, quando foi criada a
EPTC, que a dupla função da Brigada, que era organizar o trânsito, passou para
a EPTC. E V. Exa. lembra muito bem, hoje, ao virmos para a Câmara notamos - o
que é normal, após um dia de chuva - o trânsito engarrafado em todas as ruas de
Porto Alegre. Vamos pegar o problema de hoje, não é por falta de obras - que
bom que estão querendo iniciar as obras -, choveu em Porto Alegre e engarrafou
a Cidade. Eu desafio algum Vereador se viu um agente fiscal da EPTC controlando
o trânsito em Porto Alegre. Eu vim lá de Petrópolis, do Colégio Anchieta,
larguei meu filho à 13h10min e cheguei aqui às 14h05min, quase uma hora depois;
vim pela Vasco da Gama, ali pela volta do Rosário e sempre trancado, e não
encontrei nenhum agente da EPTC fiscalizando o trânsito. É porque chove, diz o
meu amigo. E não se trabalha quando chove? A função do fiscal, do “azulzinho”,
que nós votamos nesta Casa era para desafogar a Brigada Militar; deixar a
Brigada Militar dando segurança para a população e o agente fiscal, o
“azulzinho”, para controlar o trânsito em Porto Alegre. Choveu em Porto Alegre,
parece que não se trabalha, vão lá para dentro dos prédios da EPTC e não ficam
na rua fazendo a sua função única e primeira que é controlar o trânsito em
Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal
está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PPB.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Eu estava quieto, mas o Ver. Fernando Záchia me provocou. Pois bem,
um indivíduo, um cidadão chamado José Carlos Dias, se não me engano, foi
pinçado pelo Presidente da República e transformado em Ministro da Justiça.
Qual não é o seu primeiro ato? Colocar para estudo nacional as penas
alternativas. Mas, quem é que está contra as penas alternativas? Eu não estou.
Agora, S. Exa. não diz, Ver. Fernando Záchia, que o Brasil está em déficit
quanto às celas. O Brasil tem cento e sessenta milhões de habitantes, e tem que
ter oitocentas mil celas. O PT vai-me responder imediatamente que em vez de
celas se construam escolas e hospitais. Oitocentas mil celas têm que ser
construídas para uma população de cento e sessenta milhões de habitantes. É
estatística. V. Exas. têm que convir que no meio desta população grandiosa,
como é a do Brasil, temos sociopatas, desequilibrados, perturbados de conduta.
São criaturas que transformam e convulsionam a sociedade. Pois bem, esse homem
está cogitando - num indulto que vem por aí até o final do ano, porque isso
tudo está escondido. Quer é largar um indulto de Natal -, fazer um convite para
que todos nós manifestemos opinião sobre a necessidade de penas alternativas.
Mas como soltar corruptos, estelionatários, bandidos que já cumpriram metade
das penas e vão voltar para o regime carcerário, porque é índole deles? Sou
psicólogo e sei disso, sou mestrado e doutorado. Disso eu entendo, não há
possibilidade de nós termos cento e sessenta milhões de anjinhos no Brasil,
anjinhos celestiais. Seria uma maravilha cento e sessenta milhões de anjinhos!
Olha que maravilha! Nós temos crimes revoltantes, crimes que até são praticados
com desfaçatez, são ridículos.
O Ver. Fernando Záchia colocou aqui o assalto que foi feito em pleno
Mac Donald’s, os homens entraram a pé, é hilariante, ninguém tem mais segurança
de noite para sair com sua família, para comer uma pizza ou comer um sanduíche.
E o que nós temos que fazer? Nós temos que entrar no regime do pau.
V. Exa. vai dizer: e o Estatuto da Criança e do Adolescente? Aquele
Estatuto está errado, é uma blasfêmia aquele Estatuto. Eu estou-me dirigindo a
todos os Deputados Federais e Senadores, já mandei correspondência para mudarem
o artigo 104. Leiam o artigo 104.
São adolescentes que V. Exas. aturam na sociedade e que a todo momento
estão fazendo reféns, levantes nas FEBEMs e fica por isso mesmo. Onde é que a
sociedade vai parar, qual é a defesa que a sociedade tem? Vocês são chefes de
famílias, V. Exas. têm que defender suas famílias, afinal de contas a ideologia
fica atrás da família. A família na frente da ideologia. Não sei onde vamos
parar.
Há outros crimes revoltantes. Outro dia entraram num restaurante, na
Carlos Gomes com a Dom Pedro II, em pleno jantar de vários casais e depenaram
todos os presentes, agrediram os presentes. Isto tem que acabar. A polícia tem
que reagir, a polícia tem que dar pau e V. Exas., do PT, que têm uma visão
errada, aprendam isso! Nós temos que tratar isso com rigidez, temos que tratar
os bandidos com truculência senão nós vamos soçobrar e V. Exas. serão os
culpados. Está em tempo: tem que dar pau! V. Exas. têm que reconhecer que tem
que dar pau, são bandidos descarados, violentos que não respeitam nada, não
respeitam regras, não respeitam escala social, não respeitam coisa alguma e que
têm de ser tratados com dureza, e vem o João Carlos Dias fazer uma oferta de
penas alternativas. Institui a “bananice”
nacional.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está
com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, eu queria fazer um contraponto ao magnífico discurso feito pelo
Ver. Coronel Pedro Américo Leal. O que o Ministro José Carlos Dias propôs e que
está declarado, há mais de trinta anos, nos estudos de Michel Foucaud, em sua
extraordinária obra Vigiar e Punir,
está extinta, está banida a idéia de que esse sistema prisional brasileiro seja
um sistema efetivo. Esse sistema foi à falência, ele não existe mais. Isso se
repercute na FEBEM, isso repercute nos presídios, isso se repercute, inclusive,
nos duzentos e cinqüenta mil mandados de prisão que existem na cidade de São
Paulo e que não são cumpridos. Vão dizer que São Paulo tem vinte milhões de
habitantes, tudo bem, mas tem duzentos e cinqüenta mil mandados de prisão, no
Estado de São Paulo, que não são cumpridos, porque não existe mais o sistema
prisional. Esse é um dos maiores problemas do País e é necessário, o orçamento
muitas vezes é estapafúrdio, imenso, amazônico para resolver esse tipo de
problema, quando, na verdade, outras prioridades sociais são fundamentais: como
a área da Saúde, Educação, Saneamento Básico e Tratamento de Água.
Esse é, exatamente, o grande debate que se impõe. Razão tem o
Secretário José Paulo Bisol, quando se alinha com o Ministro e quando quer
desarmar a população. Ele tem toda razão, porque de cem crimes cometidos no
final de semana em São Paulo, 70% são de pessoas empregadas. Não é só o
desemprego a causa do problema social, é, também, a violência e a
agressividade, tanto de um lado quando de outro; de uma sociedade, de um Estado
e de uma polícia violentos.
A revista Veja, na semana passada, publicou uma reportagem com o
seguinte título: “Policiais bandidos.” Os grandes esquadrões de extermínio
estão totalmente ligados ao sistema policial brasileiro. Esse é um problema
sério a ser debatido; a violência do crime-negócio, a violência urbana e,
principalmente, o processo repressivo: quanto mais repressão social houver
maior a criminalidade. Há um grande desafio por parte do criminoso, que encara
a pena de morte e o armamento da polícia como um desafio cada vez maior, e é a
essa escalada que nós temos que lutar contra.
O Ver. Luiz Fernando Záchia, trouxe, para nós, um dado importante sobre
a distribuição de pessoas, brigadianos, na segurança na Cidade de Porto Alegre.
Numa entrevista dada pelo Coronel-Chefe da Polícia Militar de São Paulo esse
declarou que só na Banda de Música da Brigada Militar, havia mais de 1.500
pessoas lotadas no Departamento Banda de Música, desviadas de sua função e
passando para outra atividade, que fica muito longe da finalidade social que
deve ter uma Brigada Militar e uma segurança urbana.
Esse é o debate, Ver. Pedro Américo Leal, que se deve estabelecer com
os problemas a serem levantados socialmente. Inicialmente, o nosso problema
prisional tem a chefia de toda a distribuição de cocaína no Morro da Cruz, se
dá lá dentro do presídio. Os mesmos profissionais que trabalhavam no Hospital
São Pedro, traficavam na calota das suas rodas tóxicos da penitenciária, onde
eram médicos psiquiatras, para o Hospital São Pedro. Então, eles mesmos
transportavam sem saber. Claro que existe um problema importantíssimo de
repressão, que tem que haver, mas o limite da repressão não pode ser
ultrapassado.
Concluo, Sr. Presidente, dizendo que eu tenho convicção que vai haver
uma diminuição da criminalidade no momento em que nós diminuirmos o desafio ao
criminoso. Esse é um dos problemas mais sérios da sociedade americana e existe,
inclusive, na Universidade de Harvard estudos sobre esse assunto.
Em outra oportunidade, Sr. Presidente, quero continuar esse debate.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos às
COMUNICAÇÕES
O
Ver. Giovani Gregol está com a palavra no período de Comunicações.
O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, nesse debate, diz o colega Ver. João Bosco Vaz que eu sou o
“verde-maduro”. É verdade, me considero como tal, um dos ambientalistas que
trata a questão ecológica de forma madura, de forma racional, às vezes até
radical no sentido de que radical é tratar as coisas pela raiz, mas jamais de
forma extremista e sim de forma inteligente.
Mas, essa discussão sobre a violência é importante, inclusive os
telespectadores já sabem, porque sofrem o temor e as conseqüências da
violência, inclusive da violência social, que é um dos componentes, um dos
fatores da violência criminal na nossa Cidade, no nosso País como um todo, e
aliás ela está crescendo no mundo, está crescendo no Brasil e também na nossa
Cidade. Vou deixar que outras pessoas que têm um conhecimento profissional maior
do que o meu, dêem seqüência.
Mas, o meu objetivo maior, Sr. Presidente, como Primeiro-Suplente que
sou da brava representação da Bancada do Partido dos Trabalhadores, é falar um pouquinho de alguns
assuntos que, modestamente, foram frutos da nossa iniciativa quando estivemos
ocupando, com muita honra, indicados que fomos pelo Partido, a Secretaria
Municipal do Meio Ambiente, lá no início do Governo Tarso Genro.
Entre outras coisas, quero citar, em primeiro lugar, a questão desse
grande anfiteatro que foi planejado há muito tempo no Plano Diretor de Porto
Alegre, na orla do Guaíba e estava, em todos os sentidos, abandonado nas obras,
nas intenções e no programa.
Foi, justamente, por minha iniciativa, como Secretário de Meio
Ambiente, no início do Governo Tarso Genro, e da minha equipe, na época em que
resolvemos ressuscitar aquele projeto, no sentido de que ele fosse cumprido e,
realmente, efetivado.
Passamos mais de um ano com uma equipe que eu designei de técnicos da
Secretaria, bem como de outras Secretarias, como a do Planejamento, que se
reuniram por minha determinação.
Refizemos o projeto arquitetônico daquele anfiteatro, claro, que é uma
obra cara e demorada.
Temos a satisfação de ver, agora, que também o atual Secretário, Gerson
Almeida, vai, através de um convênio, de uma ação conjunta entre a Prefeitura
Municipal, iniciativa privada e o jornal Zero Hora, fazer uma campanha de muita
repercussão na mídia, para que se escolha um nome para aquele local.
Eu dou o meu voto e penso que tem que ter o nome do nosso grande
artista plástico Vasco Prado, recém-falecido, pois ele merece. Foi um artista
de renome internacional, mundial, que merece nomear aquele anfiteatro que lá
está.
O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu acho que esse concurso tem um vício, ele impõe
cinco nomes, quando há outros nomes fantásticos que poderiam ser sugeridos,
como o do fundador da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, Pablo Komlós.
O SR. GIOVANI GREGOL: Também é um bom nome;
obrigado pela lembrança, Vereador.
O Sr. Renato Guimarães: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Companheiro Giovani Gregol, esse processo esteve
aberto por uma semana para apresentação de nomes. Somente depois disso foram
propostos os cinco nomes. Então, o processo foi democrático.
O SR. GIOVANI GREGOL: Parece que foi, e isso é
correto, é de responsabilidade do atual comando da Secretaria Municipal do Meio
Ambiente, da Prefeitura de Porto Alegre.
O que eu estava lembrando aqui - sem modéstia eu digo isso, mas
corretamente, fazendo jus à realidade
-, é que, quando Secretário do Meio Ambiente, nós retomamos esse projeto, que
vai frutificar agora: Porto Alegre vai ter um novo espaço público de lazer, de
preservação também, que já está integrado, pois fica, justamente, na transição,
às margens da foz do Arroio Dilúvio, que marca a separação entre o Parque
Marinha do Brasil ao Sul e o Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. Toda aquela
área vai ser revalorizada, e com custo mínimo aos cofres públicos, ao contribuinte
municipal, mostrando como isso é possível.
Posteriormente, eu vou falar de outras ações como a do Parque da Ponte,
aquela área da Marina Pública Municipal, perto da Ponte do Guaíba. Aquela foi
também foi iniciativa minha, representando, como Vereador, setores sociais que
tinham um projeto, como a Federação Gaúcha de Remo, para que aquela área também
fosse recuperada. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Paulo Brum, como
segundo inscrito em Comunicações, cede seu tempo ao Ver. João Dib.
Com a palavra o Ver. João Dib, em Comunicações, em tempo cedido pelo
Ver. Paulo Brum.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, antes de mais nada, quero agradecer o tempo cedido pelo nobre Ver.
Paulo Brum. Cheguei a esta Casa às 13h28min, a fim de que eu pudesse-me
inscrever para fazer a homenagem, e agora, com a bondade do Ver. Paulo Brum,
vou poder fazê-la.
Quero homenagear a memória de Wilson Vargas da Silveira, lendo o
editorial de hoje de Zero Hora, assinado por Celito De Grandi, que diz:
“O testemunho da Dignidade
Às vésperas de ser hospitalizado, Wilson Vargas fez questão de me
receber em seu escritório, no Edifício Coliseu, na Praça Osvaldo Cruz,
emoldurado por históricas fotos da vida política brasileira. A esposa, Flávia,
já me alertara sobre a gravidade de seu estado de saúde. Foi a segunda de duas
longas conversas que tivemos sobre José Loureiro da Silva. Venho pesquisando a
vida e a obra do ‘Charrua’, para um futuro livro, e o depoimento de Wilson
Vargas era fundamental. Eles foram amigos, parceiros na fundação do PTB. Com
uma carta de Getúlio Vargas nas mãos, Loureiro da Silva percorreu o Estado
semeando diretórios, e Wilson Vargas, líder estudantil identificado com a causa
trabalhista, mais de uma vez o acompanhara.
- Eu fui com ele, por exemplo,
a Cacequi, a Santana do Livramento e depois a Rosário do Sul, onde organizamos
uma comissão muito boa, com a ala feminina presidida por uma professora que
mais tarde foi nossa deputada, a Suely de Oliveira. E assim estivemos em muitos
lugares, eu fazia as atas das reuniões. E fui tendo intimidade e alicerçando a
amizade com ele.
Wilson Vargas, que eu conhecida de alguns raros contatos profissionais,
havia-me impressionado por sua dignidade já no primeiro depoimento. Fizera uma
longa dissertação sobre Loureiro da Silva, desde que se tornara colega de
faculdade de Aquiles Loureiro, filho do ‘Charrua’.
Analisou a evolução do trabalhismo no Estado, suas conquistas e
peripécias, os instantes de vitórias e os conflitos pessoais, até chegar ao
momento em que as circunstâncias políticas fizeram-no disputar a Prefeitura de
Porto Alegre, em 1959, como candidato do PTB, em oposição a Loureiro, escolhido
por um grupo de pequenos partidos e em cuja vitória ninguém acreditava.
Mas, Wilson Vargas, desde o início, se considerava moço demais para
enfrentar aquele que era símbolo de toda uma geração de caudilhos.
- Eu costumava dizer aos meus correligionários: olha, o problema é o
seguinte: ‘nós passamos toda a vida dizendo que o Loureiro, nosso companheiro,
tinha sido o melhor Prefeito de Porto Alegre (de 1937 a 1943) em toda a sua
história. Agora, porque ele é candidato a Prefeito, mas não é o nosso
candidato, ele não presta mais?’ Era muito difícil botar isso na cabeça do
povo, um povo politizado com o de Porto Alegre.
A campanha foi elegante, sem ataques pessoais. Havia divergências com
outros políticos dos partidos, mas Loureiro e Wilson Vargas se respeitavam. E a
diferença de votos acabou pequena.
- Ele era um homem bem mais velho que eu. Vou matar o Loureiro no
cansaço, eu dizia ao pessoal. Esse velho não resiste. Começamos a visitar
empresas, fábricas, tudo. E ele parecia ressurgir das cinzas. Eu fazia dez
visitas; ele fazia vinte.
E num testemunho permeado de emoção e respeitabilidade, Wilson Vargas
confessou:
- Ele me venceu a eleição. E achei que foi uma decisão em favor da
Cidade. Ele era o melhor candidato mesmo. Tinha a maior tradição, era um homem
decente, um grande administrador, falava muito bem, maduro para a função, com um
apoio significativo - tanto que levou homens como Brito Velho, que foi gênio,
para Secretário de Educação.
Ao fim do segundo depoimento, levei-o até sua residência, em Ipanema.
Chovia. E no caminho, ele recém-filiado ao PSB, conversamos sobre os rumos da
política brasileira hoje.
O homem que foi deputado estadual e federal e ocupou alguns dos mais
importantes cargos do Estado ainda lembrou o último episódio de sua relação com
Loureiro. Quando o ‘Charrua’ tombou na Rua da Praia, vitimado por um enfarte,
em julho de 1964” - foi em junho -, “Wilson Vargas estava preso, detido pelos
militares. E o Secretário da Segurança da época não atendeu a seu pedido para
que lhe permitisse ir ao Palácio Piratini prestar a última homenagem ao amigo e
eventual adversário político.
Quando nos despedimos, fez-me uma derradeira pergunta, com a voz
enfraquecida:
- Será que vou ler o seu livro?
Não, lamentavelmente, não. Mas nele vai constar talvez o mais
respeitável e digno de todos os depoimentos.”
Eu queria, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fazer esta homenagem a uma
figura extraordinária, que eu aprendi a admirar em diferentes momentos da minha
vida política e pelos contatos que tive com esse homem.
O Sr. Reginaldo Pujol: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador. ) Serei breve, Ver. João Dib, pedindo que V. Exa me
honre em permitir que a sua homenagem a Wilson Vargas da Silveira, com a
leitura desse artigo do jornalista Celito de Grandi, possa também ser subscrita
por este Vereador, uma vez que melhor homenagem a Wilson Vargas da Silveira não
poderia ser feita nesta Casa se não se realizasse com este seu pronunciamento.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Embora pareça incrível, eu me tornei amigo de Wilson
Vargas e, neste momento em que V. Exa. lê o artigo, eu desejo, de público,
manifestar a minha dor pelo passamento desse homem que era um homem de bem.
O SR. JOÃO DIB: Era realmente um homem de
posição, definido, correto, e hoje os seus opositores o homenageiam. Saúde e
paz!
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo
Brum): O
Ver. Elói Guimarães está com a palavra, no período das Comunicações.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Sras. Vereadoras, com um minuto de silêncio feito pela Casa e o
pronunciamento do Ver. João Dib trazendo uma crônica do Celito de Grandi,
pensamos ter prestado uma justa e merecida homenagem a uma das grandes figuras
da política rio-grandense e, de resto, brasileira; refiro-me ao Dr. Wilson
Vargas da Silveira. Portanto, eu me dispenso de falar sobre o assunto e,
evidentemente, incorporo-me à manifestação do Ver. João Dib e a subscrevo.
Mas, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu gostaria de falar aqui acerca
da Emenda Constitucional nº 20, que estabeleceu a Reforma da Previdência
Social. Duas grandes emendas modificaram profundamente a fisionomia, a
estrutura administrativa e previdenciária brasileira: a Emenda nº 19, sobre a
Reforma Administrativa e a Emenda nº 20, sobre a Reforma da Previdência. Eu
diria, Sr. Presidente, que se trata da mais audaciosa e estupenda agressão ao
estado de direito democrático. Eu ainda não tinha visto na história brasileira
tamanha agressão, onde se colocam como vilões da crise o funcionário na Reforma
Administrativa, e o aposentado, o pensionista e o funcionário na Reforma da
Previdência Social. Ainda bem que se levantou o bravo judiciário brasileiro,
através do Supremo Tribunal Federal, que, examinando a constitucionalidade da
matéria questionada pela OAB e pelos partidos políticos, entende, com base na
Constituição da República, que a referida matéria é absolutamente
inconstitucional por ferir disposições da própria Emenda nº 20.
É evidente que essa matéria tem muitas conseqüências. Coloco uma delas.
A Casa recebeu um Projeto do Executivo e, até certo ponto, o festeja, quando
deveria exorcizá-lo, porque esse Projeto da Previdência aqui na Casa coloca o
desconto no benefício do aposentado e da pensionista. E agora ouvi dizer, não
sei se está confirmado, que o Sr. Governador do Estado entende que deve ser
feito o desconto no benefício dos pensionistas do IPE. É lamentável. Tramita na
Casa esse Projeto que se tornou imprestável, e requeiro à Presidência,
eventualmente dirigida pelo Ver. Paulo Brum, que mande recolher o referido
Projeto e o devolva ao Chefe do Executivo, uma vez que se torna imprestável, já
que a matéria está sub judice, e
vejam bem de quem está sub judice, do
Excelso Pretório, do Supremo Tribunal Federal. Nesse Projeto consta “desconto
de inativos e de pensionistas” Há uma manifestação, na questão da
constitucionalidade, por parte do Supremo Tribunal Federal. Neste aspecto,
entende o Supremo que a matéria é inconstitucional. Não há mais razão para
tramitar na Casa o referido Projeto até porque, reafirmo, ele está sob o guante
da decisão maior do Supremo Tribunal Federal. Fica aqui o Requerimento deste
Vereador pedindo que se recolha este Processo e se devolva ao Chefe do
Executivo porque ele, por todas as razões, perdeu o sentido e o significado.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com
a palavra, no período de Comunicações.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, a tese que afirma que a violência deve ser combatida com violência
tem contra si, em primeiro lugar, os fatos, a maior parte dos Estados dos
Estados Unidos tem pena de morte, tem repressão rigorosa e a criminalidade, em
algumas cidades americanas, consta entre os maiores índices do mundo; o
Brooklyn e São Francisco, na Califórnia, são as localidades mais perigosas do
mundo. Sobre a questão da criança e do adolescente, há um dado estatístico, no
Jornal Zero Hora do dia 6 de setembro de 1994, que divulgou um dado, e esse
dado permanece idêntico até hoje: menos de 10% dos delitos ocorridos na Grande
de Porto Alegre têm a participação de adolescentes. O percentual, segundo
estatísticas das polícias militares, é mais ou menos em todo o Brasil. Sobre
isso comenta o Juiz João Batista Costa Saraiva o seguinte: “Como cerca de 50%
da população tem menos de 18 anos, forçoso é reconhecer que são os adultos que
respondem por mais de 90% dos crimes”. Nessas condições, a conclusão inicial é
de que não é a Lei Penal que irá resolver o problema criminal, a menos que se
pretenda estender aos jovens um modelo que não está dando certo para os
adultos.
A maioria dos crimes na Grande Porto Alegre, estatisticamente, não são
cometidos por adolescentes. Os crimes cometidos por adolescentes não chegam a
18%. Então o Estatuto da Criança e do Adolescente está correto, ele precisa
somente ser revisado no sentido de seu aperfeiçoamento, e não para fazer voltar
o Código de Menores, Vereador Pedro Américo Leal, porque com a volta do Código
de Menores sabe o que aconteceria? O filho do rico, do deputado e do senador
que mata, por exemplo, aqueles que mataram o índio lá, esses são tratados como
cidadãos, porque têm todas as garantias de defesa, como se adultos fossem. Ao
filho do negro, ao filho do pobre resta o Código de Menores, é a criminalização
da pobreza. E com esses casos, o Estatuto acabou, porque o Estatuto,
independente de classe, resgatou a questão no sentido de que as crianças e
adolescentes estão em fase peculiar de desenvolvimento e têm de ser tratados
como tal. Ele não está passando a mão por cima de ninguém.
Não dá para responsabilizar os adolescentes pelo aumento da
criminalidade. As estatísticas da Polícia - que V. Exa. tanto defende - provam
que menos de 10% dos crimes são cometidos por adolescentes.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. está encaminhando a matéria, e eu discordo,
porque basta V. Exa. ler os jornais e encontrará, depois do nome, as idades de
17 e 18 anos, eles não colocam o nome, porque são todos adolescentes, são eles
que atacam, a criminalidade é infanto-juvenil, é só ler os jornais. Eu mandei
uma correspondência para essa jornalista do jornal Zero Hora, mas ela não me
deu uma réplica.
O SR. JOSÉ VALDIR: Acontece que os crimes que
os adolescentes cometem são notícia. Ver. Pedro Américo Leal, V. Exa. lê
somente o jornal que lhe interessa, e quando interessa. V. Exa. tem de atentar
para as estatísticas, mas nesta hora a Brigada Militar, que fez uma pesquisa,
não é idônea. A Polícia Militar fez uma pesquisa e comprovou que menos de 10%
dos crimes, dos delitos da Grande Porto Alegre, são cometidos por adolescentes,
aí não vale, agora a Polícia Militar não é mais idônea. V. Exa. fica com
notícias esporádicas que aparecem nos jornais e que dão ênfase. É claro que um
crime cometido por um adolescente, até por aqueles que querem acabar com o
Estatuto da Criança e do Adolescente, é sempre muito mais notícia do que o
crime cometido por adulto, e V. Exa. vem dar ares de credibilidade a esse tipo
de informação jornalística! E a sua gloriosa Brigada Militar, que fez uma pesquisa,
Vereador, não vale nesta hora? Um levantamento da Brigada Militar agora para o
Ver. Pedro Américo Leal não é idôneo, porque discordou.
A realidade ousou discordar das crenças, das teses do Vereador! Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gilberto Batista
está com a palavra em Comunicações.
O SR. GILBERTO BATISTA: Senhor Presidente, Srs.
Vereadores, Ver. João Bosco, para começar minha intervenção, lá no Bairro
Sarandi, nós temos o prédio da delegacia que foi afastado da região
centralizada, e o número de assaltos cresceu enormemente. Mas o fato que me
traz a esta tribuna, Ver. João Bosco, é sobre a Vila Nazaré, que é hoje uma das
vilas que compõem o grande Sarandi e a grande Vila Elizabeth. E, este Vereador,
visitando essa comunidade neste final de semana, viu demonstrada a preocupação
de seis mil famílias que lá residem e recebem atendimento de apenas dois
médicos do posto de saúde da Vila Nazaré.
Aqui, invoco o nobre Líder Ver. João Dib, no sentido de que há seis
meses faltam profissionais na área de Saúde da Vila Nazaré.
Ver. João Bosco Vaz, pasme V. Exa., seis mil famílias são atendidas
apenas por um pediatra e uma ginecologista, e há seis meses esta comunidade
solicita à Secretaria Municipal da Saúde um clínico-geral para atender àquelas
famílias pobres, carentes da Zona Norte de Porto Alegre, do Bairro Sarandi.
Este Vereador fez um Pedido de Providências para o Sr. Secretário
Municipal da Saúde solicitando um médico clínico-geral para aquela comunidade.
Pasmem os Senhores que, há seis meses, o Secretário diz que não há como colocar
um clínico-geral no posto de saúde daquela Vila. Vamos deixar lá seis mil
famílias desassistidas, fazendo com que elas tenham que se dirigir ao Hospital
Conceição, ao Hospital Cristo Redentor, superlotando mais os nossos hospitais
de base, nossos hospitais de ponta de linha, que são esses dois Hospitais de
extrema importância, não só para a Zona Norte, mas para a Cidade de Porto
Alegre.
Então, quero deixar registrada a minha indignação com o Sr. Secretário,
porque, aqui, nesta Casa, foi aprovado um Projeto para contratação de
oitocentos funcionários e se fala muito em carta-contrato. Perguntem ao Sr.
Secretário onde está o clínico-geral que, há seis meses, aquela comunidade pede
e ainda não foi atendida.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, mas gastaram bastante dizendo, quase
uma página inteira de todos os jornais e várias vezes, que a Administração da
Prefeitura cuida da saúde do porto-alegrense. Mas acho que lá, no Sarandi, eles
não são porto-alegrense, devem ser de outro Município. Não tem carta-contrato
para eles, não tem médico, não tem nada.
O SR. GILBERTO BATISTA: Ver. João Dib, o Bairro
Sarandi, a Administração Popular considera aquela importante região de Porto
Alegre como pertencente à Cachoeirinha, porque fica perto. Então, nós vamos
solicitar os médicos e reclamar a falta de equipamentos e remédios para a
Prefeitura de Cachoeirinha, porque, realmente, os postos de saúde do Bairro Sarandi,
da grande Vila Elizabeth como da Vila Nazaré, estão muito malatendidos. Eles
apenas solicitam um clínico-geral para atender às seis mil famílias que lá
estão.
Eu gostaria de convidá-los para ver a situação daqueles moradores em
relação ao saneamento básico. São esgotos a céu aberto, residências que são
inundadas a cada chuva que cai em Porto Alegre, o serviço médico não existe e o
meio de transporte, nas ruas, é muito delicado, porque não existe saneamento
básico. Eu gostaria de ver, agora, com estas chuvas, como está a Vila Nazaré.
Deve estar num barral e debaixo d’água.
Imaginem as crianças daquela comunidade o que fazem, quando ficam
doentes! Não têm a quem recorrer, não têm para onde ir e vão até aos hospitais
que já estão superlotados.
Publicamente, aqui, em nome da comunidade do Bairro Sarandi, da Vila
Nazaré, peço ao Sr. Secretário Municipal da Saúde que possa atender, pelo
menos, a este pedido, que é um clínico-geral para aquelas seis mil famílias
carentes e pobres da minha região.
Sr. Secretário, por favor, é um pedido público, através do Canal 16,
coloque apenas um clínico-geral, lá. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maristela Maffei
está com a palavra no período de Comunicações.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, queria me referir a uma passagem de Piaget: (Lê.) “Às vezes, se
atua não diretamente sobre o mundo, mas sobre as manifestações deste, que o
tornam presente. Por exemplo: não se age sobre o sol ou sobre o vento, mas
sobre os seus efeitos. Aliás, são tais efeitos que nos dão conta da real
existência do sol ou do vento”. Com isso, quero trazer aqui uma reflexão, muito
importante, sobre um texto de Cristóvam Buarque que fala sobre países
mutilados, que diz o seguinte: (Lê.)
“Nos seus quinhentos anos, o Brasil já teve diversos nomes. Na véspera
de seu quinto centenário, o nome do Brasil é Sebastião José Rodrigues.
Esse pequeno empresário brasileiro cortou a própria mão para receber um
seguro e com o valor para pagar uma dívida. No primeiro momento, a notícia
mostrava o horror da violência, uma mão amputada para levar um simples anel que
ele usava. A verdade foi mais horrorosa. Ele simulou o assalto, pagou sua
mutilação com uma machadada no punho para receber R$ 900,00 mil de uma apólice
de seguro e pagar a dívida.
Qualquer das duas hipóteses, do assalto ou da auto-amputação são
símbolos do Brasil de hoje. Mas a auto-amputação para pagar uma dívida. é muito
mais parecida com a situação brasileira.
O Brasil está cortando suas mãos no desemprego de sua força de
trabalho, cortando seu pescoço no abandono de nossas crianças, cortando as
entranhas no abandono do sistema de saúde, o Brasil de hoje é um país mutilado
por repetidas auto-amputações para poder pagar uma dívida contraída anos atrás
por governos que não nos consultaram, para financiar obras que não atendiam às
necessidades do povo.
Sebastião, o outro nome do Brasil, investiu R$ 323,00, incluindo o
machado e o custo do serviço, para ganhar R$ 900 mil e pagar R$ 730 mil de dívidas.
Por mais que tenha sido absurdo, do ponto de vista financeiro, seu
comportamento foi menos estúpido do que o comportamento do Brasil: cortou a
esquerda e, certamente, não é canhoto, e sobraria dinheiro depois de pagar sua
dívida. O Brasil está mutilando mais do que uma única parte de sua sociedade e
de sua economia.
Com o nome de superávit fiscal, o Brasil está comemorando R$ 30 bilhões
ganhos com a venda de seu patrimônio e com a redução de gastos com sua
infância, seus doentes, desempregados, com a saúde de seu povo. Um valor muito
superior aos 900 mil do Sebastião, mas com efeitos muito mais devastadores do
que a mutilação de uma mão. E tudo isso pagará apenas um terço do serviço da
dívida externa. Para pagar uma pequena parte de sua dívida, o Brasil chegará ao
final do ano amputando sua infância perdida, suas empresas fechadas, seu
patrimônio vendido, seus desempregados sem alternativa para o futuro,
descartáveis como a mão esquerda do Sebastião.
Para pagar inteiramente sua dívida, Sebastião optou por um futuro
aleijado. E agora o Sebastião continua endividado e sem a mão para trabalhar.
Nisso, ele se parece ainda mais com o Brasil. Para pagar sua dívida, cada dia,
o Brasil aleija seu futuro.
Por mais esforço que façamos, por mais amputações que tenhamos na
própria carne do povo, o Brasil vai descobrir um dia, como Sebastião, que
estamos sem nossos recursos e a dívida continua.
Não podemos ser ingênuos. Se não fizesse seu gesto tresloucado,
Sebastião poderia perder tudo o que tinha, ser preso, ser morto, se não pagasse
a dívida. O Brasil sabe que terá conseqüências imprevisíveis se não pagar sua
dívida com o sistema financeiro internacional. Mas, daí a amputar uma mão ou
sacrificar nosso futuro sem uma luta, sem uma resistência, sem uma alternativa é
sinal de uma estupidez com dimensões raramente vistas. Não sei se o Presidente
da República teve conhecimento do flagelo de Sebastião, não sei se ele próprio
teve o sentimento da semelhança daquele gesto individual com o que seu Governo
faz a cada dia no Brasil, não sei se ele lê os articulistas nos jornais. Mas é
tempo de os governantes perceberem que somos todos sebastiões, cortando as mãos
por não conseguir pagar a dívida.”
Aí, Senhoras e Senhores, diminuir o caos deste País ou diminuir uma
questão maior apenas para as questões municipais, é não ter visão do que
estamos passando neste País; é responsabilidade de todos nós enfrentarmos esse
problema conjuntamente. É uma pena, Sebastião, você cortou a mão! E todos nós,
a cada dia, continuamos sendo amputados. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Juarez
Pinheiro):
O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, esta semana tem sido muito farta, lamentavelmente, de más notícias
no que diz respeito ao passamento de pessoas gradas a esta Cidade. Na
segunda-feira, o Sr. Alberto Galia, ex-Presidente do Grêmio Football
Porto-Alegrense; na madrugada de hoje, o jornalista James Boccacio; no dia de
ontem, o ex-Deputado Wilson Vargas da Silveira e, agora, nos chega a informação
de que o progenitor no nosso ex-colega Ver. José Prates Ferraz, o Sr. João Luiz
Ferraz, também será sepultado hoje, às dezoito horas, evento do qual pretendo
participar, Sr. Presidente, e já, antecipadamente, aviso que às 17h30min vou
ter que me ausentar da Casa e, se for o caso, até aceitaria a representação da
Casa junto com o Ver. Isaac Ainhorn que estará presente, também, junto ao nosso
ex-colega Ver. Prates Ferraz. Por isso, Sr. Presidente, insisti em vir à
tribuna agora, não sem antes permitir que a Vera. Maristela Maffei ocupasse o
espaço de Comunicações a que fazia jus,
eis que devidamente inscrita para essa finalidade, e pronunciasse o discurso
que fez, retratando uma situação insólita que a imprensa brasileira noticiou
nos últimos dias acerca desse cidadão que buscou, na mutilação física, uma
forma de sobreviver a uma crise financeira que enfrenta.
Esta Casa tem sido tomada de discussões, Sr. Presidente, as mais
férteis acerca de temas da nacionalidade. Eu vi, aqui, hoje, um embate entre o
Ver. José Valdir e o Ver. Pedro Américo Leal a respeito da criminalidade, ambos
digladiando informações e afirmações que, se mais não fazem, colocam na tribuna
deste Legislativo não mais a preocupação, mas a ocupação dos seus integrantes
com temas dessa ordem. Aliás, o Ver. José Valdir esgrima com muita eficiência
um argumento estatístico segundo o qual menos de dez por cento dos crimes
cometidos nesta Cidade são de autoria de adolescentes, e, com isso, julga que
tem explicada a situação, quando isso é apenas uma ilusão matemática. É verdade
que os adolescentes, assim entendidos, são pessoas de idade entre quinze e
dezoito anos, ou seja, três gerações, que são confrontadas no conjunto com todas
aqueles que, além dos dezoito de idade, chegam aos cinqüenta e oito anos, aos
sessenta anos, ou mais de sessenta anos de idade e são lançados num conjunto
dez vezes maior do que o universo primeiro que foi analisado.
Então, a criminalidade, lamentavelmente, está distribuída em todas as
faixas etárias, e um crime, no País, passa a ser tratado de uma forma
romântica, idealístíca e, sobretudo, sonhadora, utópica. Agora mesmo,
chancelado, inclusive, pelo Ministro da Justiça do Governo que eu apóio,
invade-se a Nação de uma discussão sedutora, segundo a qual uma forma de se
resolver o sistema penitenciário neste País, é afrouxar a punibilidade com a
aplicação de penas alternativas que retirem do alcance da condição de regime
fechado crimes para os quais até muito pouco tempo a sociedade brasileira se
fazia ouvir, pela voz, especialmente, das oposições deste País, cobrando a
maior dureza possível, entre os quais se inclui, de forma bastante exemplar, os
chamados crimes do colarinho branco, que todos pediam, e a oposição brasileira,
então, com veemência acima da normalidade, cadeia para esses cidadãos. Então,
esse tema, que é tão apaixonante, precisa esta Casa se debruçar sobre ele. Eu
sempre digo que tenho medo que a relevância desses sistemas nacionais acabem
apagando uma realidade que é o nosso dia-a-dia na Cidade.
Concluo, Sr. Presidente, não entendendo que a nossa querida Vereadora
Maristela tenha pedido a canonização do cidadão que amputou o braço, mas foi
muito simpática com esse cidadão. Aliás, nós temos a tendência cristã de sermos
solidários com essas pessoas que se autoflagelam. Mas a verdade, Sr.
Presidente, é que esse tema junto com outros todos, nós precisamos mais tempo
para enfrentá-lo, para que eu não cometa, também, o crime de desrespeitar a
orientação de V. Exa. como, infelizmente, fiz nesta tarde. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Isso foi apenas uma exceção
para confirmar a regra. V. Exa. sempre fica dentro do tempo. Nós consultamos o
Ver. João Pirulito se deseja utilizar agora o tempo para uma Comunicação de
Líder, pela Bancada do Partido Socialista. (Pausa.) Fa-lo-á posteriormente.
O SR. PAULO BRUM
(Requerimento): Sr. Presidente, eu requeiro a V. Exa. que, após ouvido o Plenário, e
até pelo elevado da hora., como nós temos que, por força do Regimento, correr a
Pauta Especial, requeiro a V. Exa., se o Plenário assim concordar, que a Pauta
normal seja considerada como discutida na tarde hoje, visto que temos um
Projeto de Resolução da Mesa Diretora que fala exatamente sobre os aprendizes
portadores de deficiência nesta Casa. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, nós estamos,
agora, com as duas últimas inscrições no período de Comunicações. Pela ordem
normal dos trabalhos, teríamos, depois, a Pauta Especial, relativamente à
proposta orçamentária, quando poderão pronunciar-se seis Vereadores, pelo tempo
de dez minutos, de acordo com a nova proposta do Ver. Cláudio Sebenelo; depois,
a Pauta comum; depois, a Ordem do Dia.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, faço uma
Emenda à proposta do Vereador. Nós poderíamos discutir a Pauta a posteriori, mas não dar a Pauta como
cumprida. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Paulo Brum, eu vou
continuar com as inscrições normais, e V. Exa. faz as entabulações para que a
sua proposta possa ser viabilizada.
O Ver. Renato Guimarães está com a palavra, em Comunicações.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, em primeiro lugar, faço um esclarecimento ao Ver. Gilberto Batista,
quem sabe não seja da sua informação. O Vereador veio à tribuna e cobrou, do
Governo Municipal, do Secretário de Saúde a questão relacionada a um posto de
saúde na Vila Nossa Senhora Aparecida. Naquela região, há um conjunto de
serviços. O Vereador tem que vir aqui e fazer o debate do conjunto dos serviços
de saúde; o Vereador fica visitando serviço por serviço e não faz a intervenção
sobre o conjunto. Hoje, nós temos noventa e cinco unidades básicas de saúde
funcionando no Município de Porto Alegre, mas o Vereador desconhece isso e vem
à tribuna, dizendo que não existe.
No começo da História do nosso País o “bode expiatório” foi o índio,
que foi exterminado pelo português para que ele pudesse fazer o que quisesse
com a nossa Nação; depois, os negros, que foram trazidos para cá como escravos
e foram arrasados na sua dignidade; os imigrantes, os anarquistas, os
comunistas, que não quiseram ajudar no desenvolvimento da Nação, foram os
“bodes expiatórios”, Ver. Pedro Américo Leal. Após, veio o regime militar, e
escolheram outros “bodes expiatórios”, o povo brasileiro, o povo que se
levantava contra uma ditadura que botava a Nação no porão, na escuridão. Esses
foram os “bodes expiatórios”. Hoje, o setor conservador da nossa sociedade
escolhe a criança, escolhe o adolescente como “bode expiatório”, mas não
escolhe uma sociedade falida, uma sociedade sem rumo que acaba com o nosso
patrimônio. Esse Governo desastroso que está afundando a Nação não é o “bode
expiatório”. O “bode expiatório” são as nossas crianças, são os nossos
adolescentes que não têm escola, que não têm família e não têm o que comer.
Eles é que têm que tomar paulada, porque os governos que fazem isso, que não
fazem nada, não tomam paulada. Muito obrigado!
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, por falar em “bode expiatório”, nós gostaríamos, hoje, de comentar
a incompetência e a incapacidade do Governo do Rio Grande do Sul que deixa que
uma outra montadora saia do nosso Estado e vá para a Bahia. É a segunda que nós
perdemos. Quando se fala em desemprego, deve-se culpar a incompetência desse
Administrador que mentiu muito para poder chegar até o Governo do Estado e que
não tem capacidade para cumprir as suas promessas de campanha.
Quando falamos em “bode expiatório” devemos fazer um comentário a
respeito do nosso Distrito Industrial da Restinga. Ver. João Dib, há dez anos o
Governo do PT mentiu para a população, porque disse que poderia fazer com que o
Distrito Industrial da Restinga se tornasse uma realidade. E o que temos, hoje,
no Distrito Industrial da Restinga é mato e mais nada. Esse é o Distrito
Industrial da Restinga. Essa é a competência do Governo do PT. E eles têm
coragem de vir a esta tribuna e cobrar desemprego. Têm coragem de vir a esta
tribuna e cobrar Saúde de outros governos, quando eles não têm competência para
construir postos de saúde, ou aparelhar melhor os postos de saúde que temos em
nossa Cidade.
O Ver. Renato Guimarães, na Sessão passada, veio a esta tribuna e
tentou iludir a opinião pública, dizendo que saíamos em Porto Alegre de quinze
postos de saúde e pulávamos para noventa e cinco, como se fosse o Governo
Municipal que tivesse construído esses noventa e cinco postos. Mas ele não vem
aqui explicar, e vem aqui fazer mais demagogia ainda. Deveria explicar por que
as professoras e professores até hoje não conseguiram receber uma resposta do
Governo Olívio Dutra em relação aos salários. Deveria explicar por que até hoje
os policiais civis e a Brigada Militar até hoje não conseguiram receber
respostas sobre os salários prometidos. Ou as pensionistas do IPE que receberam
a promessa de que passariam a receber cem por cento dos salários. Até hoje não
vi uma só explicação do Sr. Governador. Se a nossa sociedade está mal deve
muito a esses governantes que prometem muito e muito pouco fazem. Quero que V.
Exas. analisem o Orçamento de Porto Alegre. Porto Alegre tem um bilhão de reais
à disposição para gastar, e eles dizem, batendo no peito, que gastam treze por
cento com a Saúde. Ora, é a Lei Orgânica do Município que manda. É obrigação,
está na Lei Orgânica do Município. Gastam trinta por cento com educação, está
na Lei Orgânica do Município, não tem como fazer diferente. O que poderiam
fazer diferente, Ver. Pedro Américo Leal, é aquele dinheiro que fica à
disposição para gastar com obras, cerca de cem milhões de reais. Com esse
dinheiro poderiam fazer coisas diferentes, mas não fazem; fazem demagogia nas
vilas de nossa Cidade, é apenas asfalto que surge, asfalto e mais asfalto e
nada mais.
A Cidade não tem um planejamento viável, a Cidade, hoje, está ao
abandono e, infelizmente, ninguém vem aqui explicar e só sabem falar do Governo
Federal, que nós não defendemos, mas eles precisam explicar o seu Governo,
tanto o Governo do Município como, também, o Governo Estadual. Essas
explicações, elas não surgem; essas explicações, elas ficam omitidas do grande
público, e quando nós pedimos informações, por exemplo, sobre os gastos que
fazem com publicidade, com propagandas para dizer as mentiras que dizem do
Orçamento Participativo, a resposta que nós recebemos é que não é possível dar
essas respostas. Nós não podemos receber essas respostas aqui, e nos obriga a
ir para a Justiça e lá no Judiciário, lá sim, nos deram a garantia de que no
prazo de trinta dias o Alcaide desta Cidade, o Sr. Prefeito Municipal, terá que
mandar para esta Casa todas as informações sobre os gastos com propagandas,
para nós sabermos onde estão esses doze milhões de reais que são gastos com
publicidade para dizer de coisas que o PT não faz. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão
está com a palavra, em Comunicações.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e Sras. Vereadoras eu quero discutir um tema da Cidade, mas
anteriormente quero me referir a uma intervenção que fez aqui o Ver. Renato
Guimarães e que me deixou estarrecida. Ele tentou fazer uma crítica ao Ver.
Gilberto Batista porque ele, na sua condição de Vereador, visitou uma unidade
da Saúde de uma vila de Porto Alegre e denunciou as condições precárias no
atendimento da saúde daquela unidade. Mas, por mais que se considere
onipotente, o Ver. Renato Guimarães não tem o direito de querer impedir um
Vereador de falar da Saúde sob a ótica de sua visita. Não pode querer impor que
tenha que se fazer uma discussão geral sobre Saúde. Não está escrito em lugar
nenhum que isso é obrigado. É importante discutir a questão geral da Saúde? É
importante. Mas nós somos Vereadores desta Cidade e quando nós vamos a uma
unidade da Saúde, como nós temos ido, como vários Vereadores têm ido e ouvimos
reclamações das dificuldades de horários, da ausência de alguns especialistas
fundamentais, nós estamos cumprindo a nossa obrigação de parlamentares, porque
nós somos representantes do povo para poder conhecer e encaminhar as
reivindicações e os problemas da população. Aí nós vamos ser criticados por
isso? Não consegui entender! Não tem sentido essa crítica.
Depois, o Vereador falou uma série de expressões, aqui, que acho que
não faz parte da nossa responsabilidade. Que “vai dar paulada”. Eu não entendi
essa história. Acho que estamos aqui para fazer debate político e,
evidentemente, quem tiver responsabilidade política não pode falar de Saúde Pública
sem analisar o nível de responsabilidade das três instância de Governo. O
Governo Federal é responsável por uma parte da política pública de Saúde, mas o
Governo do Estado também tem uma responsabilidade, que, diga-se de passagem,
tem tido muita dificuldade em cumprir, porque não tem conseguido liberar os
recursos para as unidades do Interior, conforme já havia sido determinado no
Governo anterior, e, quando um Vereador quer visitar as unidades de saúde de
Porto Alegre, é criticado por isso.
Então, não é questão de procurar “bode expiatório”. Eu, pelo menos, não
faço política procurando “bode expiatório”. Todos nós que estamos aqui,
seguramente, fazemos política, procurando identificar responsabilidades
políticas de todos os níveis de Governo. A Prefeitura de Porto Alegre tem
responsabilidade, sim, sobre os graves problemas de saúde que acontecem em
Porto Alegre, porque está municipalizada a Saúde. Nós tivemos a oportunidade de
ver, esta semana, em nível nacional e na imprensa local, uma experiência de Saúde
absolutamente exitosa, de um Município gaúcho, que é Santa Rosa, porque lá não
se fala só de saúde, lá se pratica, efetivamente, uma política de saúde
preventiva, através do sistema do médico de família. Então, vamos parar de se
isentar das responsabilidades. Quando se é Prefeitura, tem-se que assumir a
responsabilidade de ser Prefeitura. Quando se assume o Governo do Estado,
aquele Partido que assume o Governo tem a responsabilidade de prestar contas da
sua parcela de atribuição para a comunidade. Senão é muito fácil: assume o
Governo do Estado, assume a Prefeitura e vai ficar o resto da vida fazendo
discurso repetitivo, ou seja, que a responsabilidade é do FHC, do FMI, parece
uma ladainha de tanto que se repete.
É evidente que todos os governos têm responsabilidade pública, mas
quando o PT assume a Prefeitura, por mais de uma década, também tem que cumprir
sua responsabilidade pública. Que história é essa que só os outros têm
responsabilidade pública? Que o PT, como está acima do bem e do mal, não tem
que responder para a população sobre suas debilidades, suas deficiências no
atendimento à Saúde em Porto Alegre?
Não estou dizendo que quero colocar a Prefeitura de Porto Alegre como
“bode expiatório”, que não é um setor determinado, mas isentar-se da responsabilidade
é querer transformar os outros em “bode expiatório” sim. Eu acho que Câmara de
Porto Alegre tem essa responsabilidade de acompanhar a política pública, de
fiscalizar o Executivo e de cobrar de todos os níveis de Governo: Federal,
Estadual e Municipal, a sua parcela de responsabilidade. No caso da Prefeitura
de Porto Alegre, na área da Saúde, está cumprindo muito mal. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com
apartes)
1ª SESSÃO
PROC. 2012/99 – SUBSTITUTIVO Nº 01, que altera a Lei
Complementar nº 284, de 27 de outubro de 1992 (Código de Edificações de Porto
Alegre), ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR
DO LEGISLATIVO Nº 005/99, ambos de autoria do Ver. Lauro Hagemann.
PROC. 2948/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
162/99, de
autoria do Ver. Adeli Sell, que estabelece normas para habilitação de telefone
celular no Município de Porto Alegre.
PROC. 3058/99 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 053/99, de autoria do Ver. Pedro
Américo Leal, que estabelece data para comemoração do Dia da Brigada Militar
pela Câmara Municipal de Porto Alegre.
PROC. 3059/99 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 054/99, de autoria do Ver. Pedro
Américo Leal, que estabelece data para comemoração do Dia da Polícia Civil pela
Câmara Municipal de Porto Alegre.
PROC. 3062/99 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 055/99, de autoria do Ver. João
Bosco Vaz, que concede ao atleta Cláudio Franzen o título honorífico de Honra
ao Mérito Atlético.
PROC. 3187/99 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 058/99, de autoria da Mesa
Diretora, que altera a redação do art. 3º da Resolução nº 1388, de 21 de
setembro de 1998, que posssibilita a realização de estágio a aprendizes de
organismos ligados à Fundação de Atendimento ao Deficiente e ao Superdotado no
Rio Grande do Sul (FADERS), portadores de deficiência mental, física, visual e
auditiva, estabelece novo prazo para o estágio e dá outras providências.
2ª SESSÃO
PROC. 2916/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
160/99, de
autoria do Ver. Gilberto Batista, que denomina Rua Fernando Chaves Kroeff um
logradouro público localizado no Bairro Sarandi.
PROC. 3007/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
166/99, de
autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que altera dispositivos da Lei nº 8279,
de 20 de janeiro de 1999, que disciplina o uso do Mobiliário Urbano e Veículos
Publicitários no Município e dá outras providências.
PROC. 3012/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
167/99, de
autoria do Ver. Elói Guimarães, que dispõe sobre alteração de local de monumentos
e estátuas com significação histórica ou simbólica.
PROC. 3046/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
171/99, de
autoria do Ver. Fernando Záchia, que concede o título honorífico de Cidadão de
Porto Alegre ao Senhor João Havelange.
3ª SESSÃO
PROC. 3018/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
169/99, de
autoria do Ver. Elói Guimarães, que autoriza o Executivo Municipal a erigir
busto em homenagem a Jayme Caetano Braun.
PROC. 3077/99 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
029/99, que
institui Área Especial de Interesse Social na categoria de AEIS III, na UTSI 61
– UTF 09 do 1º PDDU, para regularização do loteamento clandestino conhecido
como Jardim Franciscano, localizado na Estrada João de Oliveira Remião nº 4100.
4ª SESSÃO
PROC. 2925/99 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº
005/99, de
autoria da Verª Clênia Maranhão, que altera a redação do inciso II do parágrafo
único do art. 230; modifica o art. 231 do Título V, bem como o art. 1º do Ato
das Disposições Orgânicas Gerais e Transitórias da Lei Orgânica do Município de
Porto Alegre. (título de domínio/concessão de direito real de uso)
5ª SESSÃO
PROC. 2895/99 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 050/99, de autoria do Ver. João Dib, que modifica o § 2º do art. 188 da
Resolução nº 1178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores ( Regimento
da Câmara Municipal de Porto Alegre).
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento
de autoria do Ver. Paulo Brum que requer que venhamos a considerar como passada
a Pauta comum para que um Projeto de Resolução da Mesa, do interesse de
deficientes, possa avançar no processo legislativo. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. PRESIDENTE (Adeli
Sell): O
Ver. João Batista Pirulito está com a palavra em Comunicação de Líder, pelo
PSB.
O SR. JOÃO BATISTA PIRULITO:
Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Hoje, ocupo a tribuna, pela Liderança do Partido
Socialista Brasileiro, estranhando que, todas as vezes que venho a esta Casa a
“bufunfa” é a mesma, é sempre a mesma coisa: se discutem coisas que não têm
nada a ver com o povo; se discute que o Governo Socialista que está aí não fez
nada por Porto Alegre. Mas o que é isso? Isso é bobagem! Eu sou morador de vila
há 56 anos, que é a minha idade também. Aí eu pergunto para vocês qual foi o partido
de direita que fez alguma coisa pelas vilas? Não fizeram, eles pegavam o
dinheiro e começavam aplicar no Centro da Cidade e quando chegava no IAPI não
tinham mais dinheiro e as vilas tomavam “ferro”. O que é que o Governo
Socialista fez? Simplesmente modificou a lógica: vamos começar a fazer nas
vilas, chegando no IAPI não tem mais dinheiro, tudo bem, dali para lá todo
mundo é rico, uma minoria que é pobre.
Hoje eu tenho que agradecer o Governo Socialista que está aí, que fez
muito pela vila. Hoje, V. Exas entram em qualquer vila, tem luz, tem
calçamento, tem postos de saúde, não tem muitos, mas tem. Tem Vereadores aqui
dizendo que moram na vila e que não tem nada? Tem outra aqui, eu nem sei se nós
vamos apoiar o PT nessas eleições. Pode ser que não. Eu estou falando isso aí,
por mim próprio. Nós não fizemos nesta Casa um projeto, uma discussão de uma
moradia. Ninguém se preocupa com isso. Nós não fizemos nesta Casa um projeto
para uma sociedade melhor. O que é isso? Aí vem dizer que tem que dar “pauleira”.
Se “pauleira” resolvesse, em 1964, éramos para ser um País de Primeiro Mundo,
porque o “pau comeu solto” naquela
época. Agora, claro, existem vagabundos, ladrões sem-vergonha, assassinos, isso
é outra coisa. Mas, aquele jovem que está sem emprego lá na vila, este sim,
precisa de um projeto social. Que se chame aqui nesta Casa o Prefeito de Porto
Alegre para discutirmos com ele os problemas sociais da Cidade.
Agora, não podemos, Srs. Vereadores, com respeito a vocês, é falar
sempre a mesma coisa. Todas as vezes que eu venho a esta Casa, o papo é o
mesmo, é “um metendo o pau no outro”. Isso não está certo. Eu sou uma pessoa
simples que convive, lá na vila, com vagabundo e com gente boa. Existem pessoas
que me dizem: “Eu ganhava R$ 240,00 numa firma, agora, estou doente, passei a
ganhar R$ 170,00.” Eu não entendi isso. Então, quando a pessoa mais precisa, o
Governo não dá o apoio. Onde é que nós estamos hoje com um salário de R$
136,00? O que é isso? Eu não ganho R$ 136,00, mas dez salários mínimos. Eu ganho
muito bem, graças a Deus. Agora, eu penso naquelas outras pessoas que não
ganham nada. Aquelas que, às vezes, ganham um ou dois salários mínimos e os
filhos não têm condições de trabalhar, porque não existe emprego. Isso eu digo,
de coração, não tem emprego. Onde é que eles vão ir? Eles vão ser influenciados
por outras pessoas mais velhas que os farão assaltarem, serem ladrões.
Tem que dar “pauleira” no vagabundo, sem-vergonha e estuprador. Naquele
que está sem emprego, não pode “dar pau”.
Para este, temos que dar sugestões aqui nesta Casa para ele ser
trabalhador. Se os meus filhos viverem e eu passar fome na minha casa,
provavelmente, que eles vão até roubar. Podem até roubar comida, que serão
presos.
Peço desculpas, pois não tenho a prática de Suplente, desde 1992. Não
tenho muita prática nesta Casa, por não ser Vereador desde 1992. Naquele ano,
como 4º Suplente, me faltaram quatro votos. Em 1996, me faltaram 71 votos. São
coisas que eu tenho na minha cabeça. Eu sou uma pessoa simples, humilde, e peço
desculpas se me excedi, mas o que eu sinto é isso: vamos ter de parar de “meter
o pau um no outro” e começar a fazer um projeto, nesta Casa, que envolva a
comunidade mais carente do Rio Grande do Sul, de Porto Alegre, do Brasil. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos à
PAUTA ESPECIAL – (10
minutos)
DISCUSSÃO PRELIMINAR - (até
06 oradores)
2ª SESSÃO
PROC. 3135/99 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
030/99, que
estima a Receita e fixa a Despesa da Administração Direta do Município para o
exercício econômico-financeiro de 2000. Com
respectivos Planos de Aplicação de Fundos. Com Emenda nº 01.
PROC. 3136/99 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
031/99, que
estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Água e Esgotos
para o exercício econômico-financeiro de 2000. Com Anexo.
PROC. 3137/99 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
032/99, que
estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Habitação para o
exercício econômico-financeiro de 2000. Com
Anexo.
PROC. 3138/99 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
033/99, que
estima a Receita e fixa a Despesa do Departamento Municipal de Limpeza Urbana
para o exercício econômico-financeiro de 2000. Com Anexo.
PROC. 3139/99 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
034/99, que
estima a Receita e fixa a Despesa da Fundação de Educação Social e Comunitária
– FESC, para o exercício econômico-financeiro de 2000. Com Anexo.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está
com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, estamos discutindo, em segundo dia de Pauta, o orçamento do
Município de Porto Alegre. Trata-se de um plano em que os números expressam
políticas nesse ou naquele setor. É nesse sentido, Sr. Presidente, Vereadores e
Vereadoras, que eu gostaria de destacar um aspecto do orçamento, ainda
trabalhando na questão da expansão da despesa pública.
Um setor que eu reputo importante, fundamental - ele tem toda a
atualidade, porque se percorrermos a Cidade nós vamos ver grandes carências -,
é o da infra-estrutura sanitária: as canalizações, os valões, os riachos que
desenham a Cidade de Porto Alegre; a questão ligada aos alagamentos, um
problema seriíssimo, que não é de hoje, que se vem projetando, que se vem
acumulando, ao longo dos anos, agravando-se. Mas, causa espanto como o
Departamento de Esgotos Pluviais está colocado na presente proposta
orçamentária. Vejam que o DEP que recebeu, no ano de 1998, já com a despesa
realizada, um tratamento no orçamento da ordem de 3,28 cai, embora seja uma
despesa fixada, projetada, cai para 1,28. Significa dizer que a participação do
DEP realizou no ano de 1998 uma parcela representativa de todo o orçamento na
ordem de 3,28. Pois bem, para o ano 2000 há uma previsão de 1,28. Chamo a
atenção da Casa para esse aspecto fundamental, quando está-se trabalhando o
que, na minha opinião, é o plano de Governo, de ação, de investimentos do
Executivo, mas que está à decisão da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Vejam bem, em matéria de saneamento básico, chamo a atenção da Casa,
porque a queda foi muito significativa. Não se quer dizer, evidentemente, que
se botou fora este dinheiro, absolutamente não. Este manejo de investimento, de
visão, ele se dá no interior da peça orçamentária, dos valores que no ano 2000
serão gastos.
De qualquer forma, queremos explicação do Executivo, da Bancada do PT,
que representa a vontade do Executivo, de por que essa queda violenta, essa
queda verdadeiramente livre se dá no DEP, caindo, da despesa realizada em 1998,
que era 3,28%, para 1,28%. Vejam V. Exas. que é uma queda preocupante.
A menos que se traga à Casa dados, elementos ou visões que digam que
essa questão está resolvida em Porto Alegre, que digam que estão resolvidas as
questões dos alagamentos, que os canais estão devidamente controlados, e que há
todo um processo de desenvolvimento no que diz respeito ao esgoto, o que é
competência do DEP. Enquanto não tivermos essa amostragem, a quantificação
dessa necessidade, nós estaremos diante de uma questão que eu reputo extremamente
preocupante, porque a Cidade tem carências profundas.
Para o ano 2000, os investimentos nessa área caem substancialmente.
Isso é motivo, nessa fase da discussão do orçamento, para trazermos as
preocupações para esse setor vital que a Cidade tem. Não houve modificações;
houve investimentos. Considero que em 1998 houve uma ação muito contundente do
DEP nessa área, porque no cômputo do orçamento investiu-se 3,28%, e agora
vai-se investir 1,28%. É uma queda brutal; uma queda significativa que está a esperar,
a aguardar a informação de parte do Executivo, porque trabalhou-se esse número
dessa forma. O número, no orçamento, fala com a relação à saúde, esgoto
sanitário, políticas de base, na questão ligada ao saneamento; é Saúde Pública;
é área fundamental. E os alagamentos persistem na Cidade de Porto Alegre.
O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Elói Guimarães, eu ainda não cheguei, nesse
aspecto do DEP, a analisar com atenção o Projeto, vou dar uma olhada daqui a
pouco. Mas, há um dado que pode ser a explicação para isso. A Prefeitura de
Porto alegre vem há muito tempo utilizando uma linha de financiamento que era
advinda do BNDS, programa chamado Pró-saneamento. O DMAE e o DEP utilizavam
isso. Há um ano e meio o Governo Federal fechou essa linha de financiamento.
Não há mais possibilidade de irmos buscar esse dinheiro. Eram condições
razoáveis, possível de pagar e conseguíamos apressar as obras nessas áreas do
nosso Município. Deve ser essa a explicação. Agora, também quero dizer que
nunca se investiu tanto em drenagem urbana na Cidade de Porto Alegre.
Gostaríamos de continuar investindo o quanto fizemos nesses quase três Governos
da Administração Popular.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Veja, como o aparte de V.
Exa. reforça a minha tese. Se já não estamos recebendo transferências, mais
preocupante fica, porque conforme dispõem os dados, em 1998, despesa já
realizada, concretizada, tivemos uma aplicação de 3,28, e agora vamos cair para
1,28, o que significa dizer que é quase 300% de queda de aplicação nessa área
vital, fundamental para o bem estar, para a saúde da população de Porto Alegre.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli
Sell): O
Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra, para discutir a Pauta Especial.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, gostaria de, hoje, analisar o Projeto de investimentos para o ano
2000, do Departamento Municipal de Limpeza Urbana. Como disse o Ver. Elói
Guimarães, são insignificantes os investimentos nessa área, que é uma área
definitiva no saneamento, e como diz, em todas as autarquias e secretarias
relacionadas: saúde e saneamento. Forma-se, então, aquele bolo de 13%, quando
sabemos que o cálculo de aplicação na área da Saúde, no máximo, é de 9%.
Temos uma grande preocupação com o Aterro da Extrema. Diz no Orçamento
que o DMLU é obrigado a efetuar a recuperação de áreas através do aterro
sanitário. Mas não pode ser feito depósito de aterro sanitário, por exemplo, em
áreas de conservação, nos santuários biológicos da Cidade. As águas, segundo
uma portaria do Conselho Nacional de Meio Ambiente, dividem-se em quatro itens.
Essa água que é usada pela população da Extrema e do Lami, que é de cacimbas,
de arroios, de fontes e de poços artesianos, hoje ela está sendo contaminada
pelo Aterro Sanitário da Extrema. E essa contaminação está comprovada através
de laudos feitos pela FEPAM e pela Universidade Federal. do Rio Grande do Sul.
Há quatro tipos de água: a primeira é a chamada água potável, de uso
doméstico; a última, a de nível 4, basta um dos índices estar positivo para a
água passar do nível um para o nível 4. Pois nós temos, nos laudos, cinco
itens, que passam a água para o nível 4, isto é, está comprovada a
contaminação, inclusive com fatores calculados, como a demanda bioquímica de
oxigênio, cujo máximo é 5 miligramas, ela está em 42 miligramas. A demanda
química de oxigênio, que não é feita pelas bactérias, ela está em 68. As
dosagens contêm inúmeros metais pesados, bactérias e uma série de análises
físicas e químicas da água. A mostragem retirada pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul dá como classe 3 e classe 4 seis itens, isto é, está
plenamente comprovado que está vazando chorume da estrutura que - e perderam a
conta, porque não têm mais controle - foi feita para receber duzentas toneladas
por dia, e está recebendo quase oitocentas toneladas por dia. Está-se tornando
um peso insuportável para estrutura impermeabilizante e que, agora, está
passando para o lençol freático.
O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. me permite um
aparte?(Assentimento do orador.) Praticamente é uma pergunta. V. Exa. conhece
os dados dessas águas de subsolo e superficiais antes da estruturação do
Aterro? E que esses dados atuais são menores do que aqueles anteriores?
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Eu quero dizer que isso não
coincide com a verdade, mas muito mais do que isso, é que esses dados que estão
à disposição do Partido dos Trabalhadores, estão comprovando, definitivamente,
irreversivelmente, que deve ser tomada uma providência a respeito do Aterro
Sanitário da Extrema. Temos de incluir um novo aterro, em outro lugar que não
seja lá, quanto mais não seja pela infelicidade da escolha do local. No local
mais bonito de Porto Alegre, eles conseguiram colocar um aterro sanitário, uma
lixeira, e agora está comprovado, através de laudos técnicos, que está vazando
chorume para dentro do lençol freático. Este é um laudo assinado por técnicos
da FEPAM e da UFRGS. Estes não são dados manuseados. É muito fácil saber a normalidade
desses dados, consultando a Resolução CONAMA nº 20/86, onde estão os tipos de
água e, principalmente, as dosagens de cianetos, de coliformes fecais, de
cloretos, de nitratos, de sulfetos, de sulfatantes, da turbidez da água, do
aspecto físico, do odor, do aspecto bioquímico e do aspecto de metais como o
alumínio, bário, cloro, cromo, ferro, cobre, chumbo, zinco, manganês, todos com
dosagens aqui, e alguns deles com dosagens 20 vezes maior do que aquela
tolerável em água potável, isto é, está havendo contaminação.
Deve haver uma providência por parte do Departamento Municipal de
Limpeza Urbana, que tenha, pelo menos, a humildade de dizer que está havendo
uma denúncia, que está havendo problemas, então deve haver uma revisão.
O laudo está aqui e foi feito e pago pela Associação dos Moradores, é
feito por técnicos, bioquímicos e engenheiros químicos da UFRGS, são pessoas
que têm credibilidade técnica e que estão levantando esses dados e, dessa
forma, comprovando a necessidade de uma revisão, principalmente nesta política
para o ano que vem, inclusive, dispondo de verbas, de investimentos para a
mudança do local do Aterro Sanitário que não comporta a tonelagem diária
recebida e que está ficando insuportável para as próprias estruturas que fazem
a impermeabilização. No momento em que essas estruturas não toleram mais a
tonelagem que já se perdeu, sendo que quase 90% do lixo de Porto Alegre é
depositado no Aterro Sanitário da Extrema, quero dizer que é necessário, é
imprescindível, é indispensável, é preciso, de qualquer forma, revisar esse
assunto e ter a humildade de partir para um debate mudando duas coisas
fundamentais: primeiro, a política de lixo em Porto alegre; segundo, o aspecto
da infeliz escolha do local que tem que ser debatido. É um local onde deveria
ter um belvedere, um hotel cinco estrelas. Pois, lá , colocaram uma
insuportável tonelagem de lixo, que faz com que, inclusive, as estruturas
providenciadas para a impermeabilização do aterro sanitário não estejam mais
funcionando, tenham cedido e já estão com dados alarmantes e preocupantes.
Quando essa lixeira começar a vazar e não tiver solução, daqui a
quarenta, cinqüenta, sessenta, cem anos, vamos ter os mesmo efeitos que existem
nas explosões atômicas. O lixo atômico, para desaparecerem seus efeitos, leva
duzentos, trezentos ou quatrocentos anos. É a mesma coisa o que acontece aqui.
As seqüelas desse problema vão continuar aparecendo, mesmo depois de desativada
a lixeira. Esse é o dano maior ao meio ambiente. Essa é a comprovação da
infelicidade do local da escolha, e, mais do que isso, já está vazando chorume
para dentro do lençol freático provado pelos laudos da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, que tem toda a credibilidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a
palavra em Pauta Especial.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, hoje eu vou deixar um pouco aquele meu estilo sóbrio de fazer
análise tão-somente a partir dos números. É que eu ouço meus ilustrados colegas
utilizarem esta tribuna e trazerem seus conhecimentos. Gostaria de fazer
algumas colocações. Sempre acreditei que responsabilidade se assume não se
transfere. Quando alguém é escolhido para ser Prefeito de uma cidade, a
população espera que ele consiga equacionar e resolver problemas, não todos os
problemas, porque é absolutamente impossível, mas que ele não vá transferir
essa responsabilidade para ninguém. Então, na hora de fazer o orçamento, ele
fará o orçamento e não perguntará para ninguém como fazer o orçamento.
Sobretudo, ele não criticará ninguém. E eu vejo, aqui, que todas as coisas
parecem que se resolvem com o Orçamento Participativo. E a primeira grande
experiência do Orçamento Participativo, no mundo, foi um desastre.
Levados os dois réus à presença de Pilatos, Jesus Cristo e Barrabás,
Pilatos, não assumindo a sua responsabilidade, fez um Orçamento Participativo e
perguntou para a coletividade, sabendo que Jesus Cristo era inocente, quem
deveria ser indultado. A população indultou Barrabás; crucificou Jesus Cristo.
Portanto, a primeira experiência foi um desastre e segue sendo um desastre, por
aí afora, mas engana muita gente.
Como eu disse, eu vou fazer um pouco de história, mas, também, eu não
vou esquecer dos meus números, porque não vale a pena fazer uma análise dos
números e, depois, não utilizá-los aqui. O nobre Ver. João Batista Pirulito
veio aqui e contou uma história de que ninguém fez nada nas vilas populares.
Ledo engano, ninguém fez tanto quanto os outros que fizeram por esta Cidade.
Nós fizemos habitações, Ver. João Batista Pirulito, de primeira qualidade, não
de 32 metros quadrados. Nós fizemos muitas habitações, milhares e milhares de
habitações. Mas, eu vou deixar de lado as habitações, nós fizemos uma coisa que
é o sonho de todo o pequeno proprietário: nós entregamos a Escritura. Eu, João
Dib, Prefeito, entreguei a escritura que, por longo e longos anos, era esperada
e sem que houvesse nenhum ônus para aquele que recebeu a escritura, porque o
Governador, à época, Jair Soares, dispensou o ITBI. Só esse fato daria para
consagrar tudo o que nós fizemos no passado.
Eu ainda vou falar um pouco do DEMHAB. Está em mãos, aqui, o orçamento,
que tem 37 milhões e quatrocentos mil reais. E diz o seguinte: 88% da receita
tem origem nas transferências da Administração Centralizada.; 12% é o DEMHAB.
Esses 12% representam cerca de quatro milhões e meio de reais, e o DEMHAB, que
não tem nada para fazer, tem uma verba de publicidade de duzentos e cinqüenta e
oito mil reais. Não perguntaram ao Orçamento Participativo se era para gastar
esses duzentos e cinqüenta e oito mil reais, que são mais de 6% das receitas
operacionais do DEMHAB. Às vezes, tenho que misturar os números com a história.
Hoje, pela manhã, ouvia a história no “Cidade Viva”, aquela que gasta
milhões em reais em publicidade, que dizia que estão construindo a Cidade do
futuro. Não. No passado, Ver. João Pirulito, nós construímos a Cidade para o
futuro. Se nós não tivéssemos passado, nesta Cidade, construindo as obras
viárias que foram construídas, a infra-estrutura que foi construída, não
teríamos circulação nesta Cidade. Imagine só, Vereador, não ter o complexo da
Conceição.
O DMAE, o DMAE do meu coração, do qual eu fui Diretor duas vezes, que
distribuiu água para toda a população a partir da década de setenta, mantivemos
97, 98% da população abastecida, mas não gastamos em publicidade, tem
novecentos mil reais para fazer publicidade. Enquanto isso, os moradores da
Vila Represa, que vieram a esta Tribuna Popular duas vezes, continuam não tendo
água. Mas vamos gastar novecentos mil reais em publicidade para dizer que a
Cidade tem água. Novecentos mil reais. Não foi perguntado no Orçamento
Participativo se era para usar essa importância toda.
O Departamento de Limpeza Urbana, que também tem mais da metade da sua
receita transferida da Prefeitura, tem quatrocentos e sete mil reais de
publicidade. Não sei se perguntaram para alguém. Somando seis milhões e
trezentos mil reais de publicidade para a Prefeitura tentar enganar a
comunidade como tem feito ao longo do tempo. E como fazem o engano. O Prefeito
Olívio Dutra assumiu a Prefeitura, encheu esta Cidade de outdoors anunciando o Distrito Industrial da Restinga. E só ficou
no outdoor, porque o Dr. Tarso
continuou fazendo mais outdoor, e o
distrito ainda está lá, só no papel; como outras coisas que a Prefeitura faz e
ficam só no papel.
Ao longo dos anos, a Prefeitura vem equilibrando a sua proposta
orçamentária com receitas de capital que não se realizam nunca; não mais do que
10%, 12% delas se realizam. É uma manobra que eles fazem. Não sei se é
incapacidade dos competentes da Prefeitura de fazer uma proposta orçamentária
correta e digna, ou se é um desejo deliberado de enganar a Câmara Municipal;
mas eles enganam, porque no final o orçamento dá certo.
O Orçamento Participativo... Dizem, no “Cidade Viva”, que aplicam 11,4%
da receita. Ora, contas são contas. O Tribunal de Contas diz que as despesas do
SUS e as receitas são correntes. Então, na verdade, a Prefeitura não considera
essa parte e se considerar nós teremos apenas 8,7% de investimentos.
Para 1999 foram orçados investimentos na ordem de 99 milhões de reais.
Quem se dá o trabalho de acompanhar a execução orçamentária, e nós só temos até
o dia 31 de agosto, saberia que 27 milhões foram empenhados, tão-somente, e
pagos 9 milhões e duzentos. Quer dizer, empenharam em oito meses 28%, pagaram
9,7, significa que não fizeram quase nada, ainda. Eu não estou inventando, são
números que o Secretário da Fazenda, diligentemente, até o dia 28 de cada mês
traz ao conhecimento dos Vereadores e sei que eles se deitam sobre os números e
fazem uma análise muito competente.
Dessa forma, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós vamos poder
continuar a história do orçamento “peça de ficção”, como diria o nobre Ver.
João Verle, hoje Presidente do BANRISUL, porque o que fazem com o orçamento é
brincadeira. O que eu não entendo é como o Tribunal de Contas deixa passar
todos os anos. Em nenhum ano foram gastos os 30% que a Lei Orgânica determina
para gastos com educação em relação aos impostos, gastaram 24%, 21%, e o
Tribunal se equivocou pensando que deveriam gastar 25%; mas a Lei Orgânica diz
que são 30%. Em nenhum ano gastaram os 30%, e o Prefeito assina, fica tudo por
isso mesmo. Todos os anos são abertos créditos suplementares sem a devida
cobertura, por excesso de arrecadação, que não ocorre na quantidade expressa.
Uma última coisa, a maior curiosidade que eu tenho: como foi que
pagaram a publicidade do ano de 1998? Somei todas as rubricas, todas as
suplementações e não dá para pagar aquilo que foi publicado nos jornais, rádios
e televisões, e mais tudo aquilo que a Prefeitura tem de jornais e revistinhas.
Muito obrigado. Saúde e paz!
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Juarez
Pinheiro):
A Vera. Maristela Maffei está com a palavra no período de Pauta Especial.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sras. e
Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores; Ver. João Dib, as propostas orçamentárias
para o próximo exercício envolvem os órgãos, e V. Exa. tem conhecimento disso,
da Administração Direta e Indireta, cumprem rigorosamente o art. 117 da Lei
Orgânica de Porto Alegre, são o resultado de discussões que envolveram mais de
quarenta mil pessoas da Capital, perpassaram as dezesseis regiões - assim está
estruturada a nossa Cidade - e hoje vimos discutir nesta Casa, entregue na
semana passada pelo Prefeito Raul Pont, a peça orçamentária para o ano 2000.
Estamos discutindo e queremos, nesse espaço, aprofundar as diversidades que
temos e aprofundar com a população, não apenas através do Canal 16, mas
diretamente nas instâncias em que nós, como Vereadores, temos a obrigação de
discutir permanentemente com a população.
Fica muito claro que a oposição à Administração Popular, tem como pano
de fundo atacar a mola mestra da nossa Administração que é, exatamente, o
Orçamento Participativo. Ora, se o Orçamento Participativo tem sido o sujeito
político e coletivo privilegiado, onde nós podemos discutir, discorrer das
discordância que temos, ele é o centro do exercício da democracia.
Srs. Vereadores, Porto Alegre tem demonstrado, através das pesquisas,
através dos apoios, através das discordâncias a sua vontade de continuar esse
exercício com o Orçamento Participativo. A população, jamais na sua história, e
ela demonstra isso nas pesquisas, sentiu-se tão integrante da discussão. Não
apenas de dizer aonde devem estar os recursos públicos, mas de fato enraizando,
de fato democratizando a sua relação naquilo que nós deveríamos ter como
exemplo, e não apenas um sujeito histórico, um sujeito político que o
represente nas eleições de quatro em quatro anos. Não que não seja importante,
porque o é, e assim estou aqui como Vereadora. Não é apenas isso que a
população tem demonstrado, ela quer uma participação maior.
Vejam bem na questão específica da Educação. Nós vivemos um momento
adverso às políticas públicas, tendo em vista o projeto neoliberal que tem
causado grande impacto nas administrações municipais, considerando a
conseqüência, a redução da receita e o acréscimo das obrigações sociais. Nesse
sentido, o processo de municipalização do ensino, que vem sendo imposto pela
União, tem o propósito de criar condições para que o Estado se afaste de
determinados setores, dentro deles a responsabilidade com a manutenção da
escola pública e gratuita.
Hoje nós tivemos a discussão sobre o Dia do Professor. O desdobramento
dessa política geral, expressa-se na aplicação do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Qualificação do Magistério que reteve
mais de dez milhões dos recursos da Educação. No entanto, contrapondo-se à
lógica dessa política, o Município de Porto Alegre concretiza inúmeras ações
estratégicas que contribuem, significativamente, para a consolidação do projeto
“Escola Cidadã: Aprendizagem para todos”. Nessa perspectiva, a proposta
política, pedagógica e cultural desenvolvida pela Administração Popular,
através da Secretaria Municipal de Educação, vem respondendo aos desafios de
reinventar a escola, concebendo-a como espaço de debate e de idéias, de tomadas
de decisões, de construção do conhecimento e de sistematização de experiências.
Este desafio, prioridade, prioriza o amplo processo de reconstrução curricular,
e, a partir e pela profunda democratização da escola, está sendo alcançada uma
proposta de organização de ensino do ciclo de formação, onde o ritmo, o tempo e
as experiências de cada educando são respeitados, num trabalho organizado de
forma coletiva e interdisciplinar. Alguns indicadores do sucesso dessa
caminhada já podem ser verificados a partir dos percentuais de 85,5 de
aprovação e 2,43 de evasão, sendo esses os melhores índices, Senhoras e
Senhores, já apresentados na história da rede municipal de Porto Alegre para o
ensino fundamental.
No que se refere especificamente às demandas contidas no plano de
investimento, a Secretaria Municipal de Educação vem promovendo ampliação e
qualificação de um projeto comum de educação para todos, a partir da
democratização do acesso ao ensino, democratização da gestão, convênios com
creches comunitárias, democratização do conhecimento, expansão do atendimento à
criança, na faixa etária de zero a seis anos, educação de jovens e adultos,
como o MOVA, que qualifica a proposta do Movimento de Alfabetização com a
ampliação de entidades conveniadas, inclusive no ensino da Literatura e da
escrita, atendendo parte do contingente de cidadãos excluídos do processo
ensino-aprendizagem.
E mais, Senhoras e Senhores, o Serviço de Educação de Jovens e Adultos,
o SEJA, existente há nove anos, tornou-se referência nacional na construção de
políticas pedagógicas para a alfabetização e escolarização da população
excluída da escola. O Serviço de Educação de Jovens e Adultos ampliou o
atendimento para mais de mil alunos, desde 97 a 99, atendendo uma grande faixa
etária então não-atendida nesta Cidade, trabalhando com o conceito próprio para
essa faixa etária, dominando totalidade de conhecimento.
Senhoras e Senhores, nós temos para o orçamento do ano 2000 uma
previsão, é verdade, de um pequeno aumento das despesas da Secretaria de
Educação. Apesar de todos os cortes que temos sofrido do Governo Federal, das
políticas implantadas para os cortes nas áreas mais essenciais, estamos lutando
no nosso Município e agora também implementando no nosso Estado uma política de
educação que seja para todos os cidadãos. Na área da alfabetização, nós temos o
desafio de chegarmos ao ano 2000 com índice aproximado a zero de analfabetos,
essa será a nossa maior vitória. Nós sabemos que, no processo da educação do
nosso País, não há uma vontade política de que a maioria dos cidadãos tenha
acesso a esse tipo de informação. No fundo, a oposição deste País quer, sim,
fazer com que o Orçamento Participativo e a autonomia dos movimentos não façam
parte da construção dessa metodologia, dessa pedagogia que nós estamos implantando
no nosso Município, já há 11 anos, e agora há 10 meses no Estado do Rio Grande
do Sul, com o Governador Olívio Dutra.
O Orçamento Participativo, na medida em que é, nesta Casa e em outros
setores, como na Assembléia Legislativa, atacado de uma forma covarde, mostra
que os senhores da oposição não querem que a população, cada vez mais, formule
políticas construtivas junto com esse espaço democrático; pensam que a
população não tem capacidade de compreender o que há por trás desse sistema
maldito e crucial, que faz com que o Governo Fernando Henrique Cardoso
implemente as políticas do Fundo Monetário Internacional. O acirramento da
guerra fiscal que enfrentamos entre os Estados e Municípios também faz com que
essa política que enfrentamos aqui desqualifique e faça com que alguns Estados
sejam beneficiados, para que continuem no poder os magnatas que sempre fizeram
a miséria da educação e da qualificação do ensino e da vida dos cidadãos deste
País. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães
está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Senhor Presidente, Senhoras
e Senhores Vereadores, o Ver. Elói Guimarães trouxe, na Sessão de ontem e nesta
de hoje, uma reflexão a respeito dos indicadores do orçamento sobre algumas
diminuições. Eu gostaria, de forma fraterna, de trazer outros números da
presente Pauta Orçamentária para discutirmos o que são as conseqüências do dado
específico do orçamento da Secretaria, em relação aos recursos que o Município
recebe.
Com relação ao Fundo de Participação do Município, no ano de 1997, a
participação no orçamento desse Fundo era de 5,51; em 1998, baixou para 3,73.
Temos previsto para o ano 2000 - que é o orçamento em discussão -, 3,56. Temos
uma queda em torno de 2%, no Fundo de Participação do Município, na receita de
transferência.
Se eu fosse analisar ICMS, em 1997: 25,97; 2000: 21,73; IPI também em
queda; Imposto de Renda também em queda, 3,25 e 2,71 para o ano 2000; IPVA
também em queda. Todas as receitas estão em queda. E se arrecadamos menos e se
temos uma receita menor, em algum lugar isso tem que se apresentar. Não temos
como fazer milagre entre receita e despesa. Estamos vivendo uma crise econômica
e estamos arrecadando menos, em algum lugar teremos que gastar menos.
Aí, Ver. João Bosco Vaz, trago um outro dado. O Município de Porto
Alegre não demitiu um funcionário público, pelo contrário, ampliou seus
serviços e está contratando 850 funcionários públicos para a área da Saúde.
Eu gostaria de fazer um registro em relação ao Ver. Gilberto Batista,
eu cometi um erro nessa tribuna, hoje, nesta Sessão quando fiz uma referência
ao Vereador, confundindo uma intervenção de um outro Vereador com a sua
intervenção, e eu gostaria de fazer este registro aqui. De fato, o Ver.
Gilberto Batista falou do Posto Nazaré e do Posto da Vila Ipiranga e não falou
do Posto Nossa Senhora Aparecida, que é um dos Postos do Grupo Hospitalar
Conceição. Eu gostaria de fazer essa menção, pois, de fato, houve um erro meu
de interpretação e eu gostaria de deixar este registro.
Mas gostaria de cobrar do Ver. Gilberto Batista, quando ele tiver a
oportunidade de vir a esta tribuna esclarecer: como que nós vivemos uma crise
de financiamento do SUS, em nível nacional, se a Fundação Nacional de Saúde,
ela, de um orçamento para o outro, cresce o seu valor. É interessante! Nós
temos uma crise.
O Ministro da Saúde afirma que vai repassar menos valor para os
Municípios, lá na tabela que é referente às AIH e ao SUS diminuem, mas, em relação
à Fundação Nacional de Saúde, aumentam os recursos.
Ver. Pedro Américo Leal, a Fundação Nacional de Saúde é uma Fundação
que coordena um conjunto de projetos ligados diretamente ao Governo Federal,
que ele desenvolve em todo o País, projetos esses que são da alçadas dos
Secretários Executivos do Ministério da Saúde, controlados. Então, é
interessante que se avalie isto: o dinheiro direto para sustentar o SUS
diminui, e o dinheiro para a Fundação aumenta. Nós temos que fiscalizar o que
está sendo feito com esse dinheiro da Fundação.
O Sr. Elói Guimarães: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Renato Guimarães, eu não fiz nenhuma afirmativa
de que tenha havido incremento ou uma queda nas transferências correntes,
enfim, na receita que o Município tem da União e dos Estados, eu não fiz
nenhuma afirmativa nesse sentido. A minha análise cingiu-se, circunscreveu-se
no manejo interno, do percentual feito pelo Município. Por que se eleva um
percentual para o gabinete do Prefeito - não estou fazendo crítica, só estou
aguardando a visão sobre a questão -, e se reduz ao DEP?
O SR. RENATO GUIMARÃES: Nós entendemos, Vereador, é
que a sua análise se limita a analisar puramente as despesas, ela não trata de
receita. É aquela questão: eu analiso só os gastos da minha casa, mas não
analiso quanto estou ganhando. É isso que fiz questão de destacar, aqui.
O Sr. Antônio Losada: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Renato Guimarães, acompanho o seu trabalho na
Saúde, junto aos postos, junto ao movimento popular, o trabalho na periferia.
V. Exa. colocou um problema que merece um exame profundo neste País: exatamente
os investimentos que se fazem através das Fundações. Através dessas Fundações
se elevam salários de profissionais, quando os profissionais que efetivamente
exercem as funções nas devidas Secretarias e Ministérios deste País têm
salários baixíssimos; nas Fundações são elevadíssimos os salários. E, também,
os recursos dessas Fundações, as compras, as aquisições, a terceirizações dos
serviços através das Fundações merecem um exame para se saber o que se passa
nessas Fundações. Muito obrigado.
O SR. RENATO GUIMARÃES: É isso, Ver. Antônio Losada.
E, para finalizar, gostaria de fazer um último registro, aqui: eu
consultei o Ministério da Saúde, através da Internet, e fiz uma análise de
todos os seus orçamentos, do ano de 1997 a 1999, Ver. Pedro Américo Leal, há
uma redução drástica. Nós estamos enterrando o Sistema Único de Saúde. O
Ministério da Saúde está enterrando o SUS e é importante que façamos essa
denúncia, aqui. Não dá para nós simplesmente aceitarmos isso! Há uma redução
drástica no orçamento do Ministério da Saúde e nós temos que deixar esse
registro por último, quando queremos discutir com conseqüência e
responsabilidade o orçamento do Município. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa
está com a palavra em Pauta Especial.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, embora já com o hora adiantada, fiz questão de vir discutir o nosso
Projeto de Orçamento para o ano 2000, da nossa Capital. Orçamento esse que trás
uma preocupação para todos nós, na medida em que se apresenta um déficit de
quinze milhões de reais, significa 1,65% do orçamento da Prefeitura. Nós vimos
tendo, nos últimos anos, equilíbrio entre receita e despesa, momentaneamente um
superávit, mas era apenas uma questão contábil, logo em seguida, esse superávit
desaparecia, e agora a perspectiva de um déficit. Isso em face de
possibilidades de receita de capital, Ver. Pedro Américo Leal, que foram
cortadas pelo Governo que o partido de V. Exa apóia. Eu sei que V. Exa. não
apóia, mas o Partido de V. Exa. apóia. E cito, nominalmente, os programas
Pró-Moradia, linha de financiamento através da Caixa Federal para moradia
popular e Pró-Saneamento, através do BNDES.
Por ordem do “governo principal” do nosso País, que está lá em
Washington, nós sabemos, com escritório no prédio do Banco Central, - o FMI tem
um escritório no prédio do Banco Central, para nossa vergonha e humilhação -,
pois bem, cortou-se financiamento nesses setores importantes para melhorar a
vida da nossa população e a possibilidade, portanto, de déficit, porque nós
temos que cumprir tarefas, temos que continuar investindo e vamos fazer com os
nossos recursos, só que não temos a possibilidade de financiamento.
De qualquer maneira, o nosso orçamento traz, como sempre, a preocupação
de investimento em Educação. Aliás, os jornais da nossa Cidade trouxeram que
Porto Alegre, outro título para a nossa Cidade, e alegria de todos os
Vereadores desta Casa, mesmos os de oposição, acredito, que nós somos a Cidade
com o menor percentual de evasão escolar, Ver. Giovani Gregol. Significa
qualidade na Educação, que nós estamos construindo há muitos anos. Além de
aumentar a cada ano o número de matrículas nas nossas escolas, nós temos um
patamar altíssimo de qualidade nas nossas escolas municipais, o que faz com que
nós tenhamos esse percentual baixíssimo de evasão escolar, o menor no País. São
dados do Ministério da Educação.
Mantemos um alto nível de investimento em Saúde, há um debate nesta
Casa, que nós investimos somente 9% do total. Nós dizemos que investimos mais
de 13% do orçamento da Centralizada. Porque alguns Vereadores acham de fazer
uma mágica, eles somam o orçamento do DMAE, por exemplo, para contabilizar os
13%, mas não somam o investimento do DMAE, que todos nós sabemos ser uma Saúde
pública preventiva. Eles só somam de um lado, são uns matemáticos muito
engraçados, para usar uma palavra elegante.
Mas, para acabar com este debate, eu apresentei uma Emenda a nossa Lei
Orgânica, exatamente para dizer que é 13% do orçamento da Centralizada. Aí
ficará claro que nós investimos mais do que isso.
Não tem dúvidas, nós investimos muito mais que qualquer outra cidade
governada por partidos de oposição. Eu já fiz esse amigável desafio desta
tribuna. Quero que alguém me apresente uma cidade governada, Ver. João Carlos
Nedel, pelo partido de V. Exa., o PPB, que invista mais de 13% em Saúde, pode
ser da Centralizada. Eu renovo o desafio a V. Exa., o amigável desafio. Que me
apresente essa cidade, eu gostaria de conhecer, inclusive esse prefeito, iria
elogiar e bater palmas para ele. Mas não existe.
Depois da municipalização desta Cidade de Porto Alegre, em agosto de
1996, existe muito a fazer na área da Saúde, é evidente, mas nós melhoramos
muito. Os postos de saúde que foram municipalizados, atendem muito mais do que
atendiam antes. Se ainda tem necessidade de médicos aqui ou acolá, e têm, mas
são muito menores as carências do que anteriormente, no tempo da
municipalização.
Falar em Saúde e em Saneamento, me lembro do DMLU e da fala do Ver.
Cláudio Sebenelo que, infelizmente, não se encontra neste Plenário, com relação
ao Aterro Sanitário do Lami, na localidade chamada Extrema. O Ver. Cláudio
Sebenelo junto com a Vera. Sônia Santos, aliás, eles têm-se caracterizado por
serem Vereadores das lutas inventadas, dos problemas criados, dos discursos
forçados, sem base concreta na realidade. Foi assim no caso do Projeto Hermes,
foram para à Justiça, junto com a Associação, e não ganharam coisa nenhuma.
Inventaram que o projeto não chega a atingir a 1% da área de toda a Região
Norte da Cidade. Eles diziam que, com aquele projeto, já estava prevista a
construção naquela área, no atual Plano Diretor, o Primeiro PDDUA da Cidade,
que iria inundar toda a região do arroio e assim por diante. Ora, é lamentável
esse tipo de afirmação, é forçar a barra em cima de nada. Tanto é assim, que a
Justiça deu ganho de causa à Prefeitura. O Projeto Hermes está rigorosamente
dentro da Lei. Assim também com o Aterro Sanitário do Lami.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. não pense que eu lhe estou retrucando, que eu
lhe estou opondo qualquer idéia, mas eu conversei com alguns moradores daquela
região baixa para onde o Projeto Hermes vai jogar todas as águas com muito mais
violência depois de executado. Todos eles são unânimes em se atemorizar pelo
que vai chegar, pelo que vem por aí. Eu apenas digo isso porque estive lá e
conversei com mais de vinte moradores, todos eles aterrorizados com o que vai
suceder diante do que já chega de água. V. Exa. é engenheiro; eu não sou.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Eu também estive lá, Ver.
Pedro Américo Leal, e procurei o DEP para comprovar a situação da rede de
drenagem urbana daquela região. O DEP é taxativo - e os técnicos do
Departamento de Esgoto Pluvial são competentes -: a estrutura projetada para a
região e lá construída já está adequada para receber um pouco mais de água em
menos tempo, porque o que pode acontecer é aumentar um pouco a velocidade com
que as águas vão chegar até as redes. Mas isso já está previsto, porque aquela
área - volto a dizer -, no atual Plano Diretor, já permitia a construção do que
está sendo construído lá. Portanto, não há problema.
O Sr. Pedro Américo Leal: As águas chegam à Nilo
Peçanha e se precipitam em direção ao Country Club. É uma avalanche de água!
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sim, mas há redes para isso. Há
canalizações para receber essa água, e o DEP garante que não haverá problemas
por isso.
Eu quero também comentar o Aterro Sanitário do Lami. A Vereadora Sônia
Santos e o Ver. Cláudio Sebenelo insistem em se manifestar sobre o Projeto
Hermes a partir de um dado de maio, mas parece que já existe outro. Aliás, nós
nunca recebemos a gentileza de ter uma cópia desses levantamentos, mas nós
temos informações da técnica da UFRGS, que fez os últimos levantamentos, que
dizem o seguinte: os dados das águas superficiais, os dados da água do subsolo
são melhores ou, na pior das hipóteses, iguais, aos dados caraterísticos dessas
águas antes da implementação do Aterro Sanitário do Lami. Aquele Aterro
Sanitário - eu já disse isso várias vezes - foi rigorosamente projetado,
rigorosamente acompanhado pela FEPAM, no tempo do Governo Antônio Britto;
portanto, nenhuma relação política conosco, e tudo rigorosamente encaminhado,
segundo a melhor técnica existente, hoje, para o tratamento do lixo. Aliás,
técnica essa que o nosso DMLU já detém, porque o lixão da Zona Norte, ali sim,
um lixão da Zona Norte que nós transformamos em Aterro Sanitário, aquilo que
era um grande lixão, metros e metros de lixos jogados lá, e nós monitoramos o
solo e a água daquela região e não existe poluição.
Ora, se é assim num lixão, que nós transformamos em aterro, como iria
ser diferente num aterro tecnicamente projetado e rigorosamente construído de
acordo com este projeto?
Portanto, é uma grande falácia, tanto é assim que a Justiça, mais uma
vez, negou o pedido da Vera. Sônia Santos que, de forma fraudulenta, neste
sábado, brandindo o papel de uma liminar que já tinha sido derrubada, agitou a
comunidade. Na verdade, ela, o Ver. Cláudio Sebenelo, o Dep. Eliseu Santos e
mais seus assessores, não passavam de trinta pessoas brandindo uma liminar que
já tinha sido derrubada há tempo, Ver. João Carlos Nedel, tentou parar o
trabalho do Aterro Sanitário do Lami. A liminar já foi derrubada há tempo e era
para outra coisa, proibia obras que já estavam paradas há muito tempo.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Tenho acompanhado, também, esse caso.
A Sra. Sônia Santos: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Com certeza terei oportunidade de debater este
assunto em outro aparte.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Esta é a realidade, os
dados levantados hoje são iguais ou melhores do que antes da implementação do
Aterro Sanitário do Lami, que está rigorosamente segundo a melhor técnica. E a
nossa Cidade, mais uma vez, pode-se orgulhar do trabalho do Departamento
Municipal de Limpeza Urbana. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, teríamos
que, neste momento, prorrogar a Sessão para entrarmos na Ordem do Dia, mas
visivelmente não há quórum para essa deliberação. Por esse motivo, encerramos a
Sessão.
Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 18h51min.)
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